O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), denunciou hoje (27) a existência de um complô envolvendo setores do Ministério Público e do Judiciário para matar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cela solitária da Polícia Federal em Curitiba onde se encontra detido como prisioneiro político há mais de sete meses. “Não bastam a condenação arbitrária, a prisão solitária e a destruição de seu legado, querem é a morte de Lula, querem ver Lula morto em Curitiba”, afirmou Pimenta.
Segundo ele, procuradores e juízes da chamada Operação Lava Jato e de outros setores do Judiciário e do Ministério Público foram capturados por um projeto de poder que ajudou na eleição do ultradireitista Jair Bolsonaro (PSL) e, assim, querem “destruir a capacidade física e psicológica do ex-presidente, o maior líder popular da história brasileira.
“Lula tem 73 anos, já passou por um câncer e é vítima de uma perseguição implacável dia a pós dia, para destruí-lo”, denunciou o líder do PT. “Ele é vítima de uma perseguição perversa, odiosa e criminosa”.
Engrenagem – De acordo com Paulo Pimenta, a perseguição a Lula insere-se numa engrenagem maior em torno de um projeto de poder antinacional, antipopular e alinhado com os interesses geoestratégicos dos Estados Unidos. Para os articuladores desse projeto, não basta banir Lula da vida pública. “Querem matá-lo, eles não têm limites, pois identificam em Lula a força da resistência do povo brasileiro”, destacou o parlamentar.
O líder anunciou que nos dias 10 e 11 de dezembro haverá um encontro no Brasil com personalidades de todo o mundo para denunciar a condição de preso político de Lula e iniciar uma campanha internacional por sua libertação. Ele observou que Lula foi condenado arbitrariamente pelo ex-juiz Sérgio Moro, à margem das leis e da Constituição Federal, sob vista grossa do Judiciário.
Moro fora da lei – Paulo Pimenta denunciou Sérgio Moro como um dos principais articuladores do grupo que elegeu Lula como alvo principal do projeto de poder de extrema direita e apontou várias irregularidades cometidas ao longo dos últimos dois anos pelo juiz-ministro de Bolsonaro.
O ex-juiz responde a diversos processos disciplinares no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Entre eles estão: vazamento para a imprensa da delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci a seis dias do primeiro turno da eleição presidencial, agindo como cabo eleitoral para ajudar a candidatura do seu futuro chefe Bolsonaro, num momento em que já sabia que seria ministro no novo governo; a interferência indevida de Moro para impedir o cumprimento de um habeas corpus que determinava a soltura de Lula, em julho passado; viagem ao exterior patrocinada por entidade privada (Lide) para participar de evento a convite do tucano João Doria. “Moro abandonou a toga para fugir da lei”, disse Pimenta.
Seletividade – O líder do PT lembrou que a denúncia feita pelo Ministério Público no braço da Lava Jato em São Paulo é totalmente absurda, já que tentam transformar em irregularidade, por suposto tráfico de influência, uma doação de empresa ao Instituto Lula sete anos depois de o ex-presidente ter deixado o cargo.
Pimenta lembrou que a seletividade contra Lula é tanta que em 2002, em pleno Palácio da Alvorada, o então presidente Fernando Henrique Cardoso promoveu um banquete com grandes empresários e arrecadou em uma noite só, em valores atuais, R$ 18 milhões para criar o Instituto que levaria o seu nome.
Fernando Henrique nunca foi criminalizado por isso, bem como os ex-presidente José Sarney e Itamar Franco, com institutos semelhantes ao que Lula organizou assim que saiu da Presidência da República. “É uma flagrante seletividade”, criticou Pimenta. Ele lembrou que Moro negou pedido à defesa de Lula para ter acesso às doações empresariais aos institutos de Fernando Henrique e José Sarney, sob alegação de proteção ao “sigilo fiscal”, mas Pimenta alfinetou o juiz-ministro de Bolsonaro: “Se quisesse fazer justiça, ia ver que as doações ao Instituto Lula obedecem à mesma sistemática de outras entidades semelhantes, inclusive a de Bill Clinton, ex-presidente dos Estados Unidos”.
PT na Câmara