As eleições de 2018 levaram o Brasil a uma situação muito peculiar na sua história política. Por um lado, venceu a disputa pelo governo federal um projeto político de nítida inspiração fascista no campo das ideias sobre democracia e direitos, mas com uma roupagem econômica ultraneoliberal e extremamente conservador em relação aos costumes e hábitos da sociedade.
De outro lado, temos o PT consolidado como a maior força de oposição ao próximo governo: maior bancada eleita para a Câmara dos Deputados – pela quinta vez consecutiva – e maior número de governadores eleitos, com a única governadora do País. Essa polarização emerge em meio a uma guerra das elites econômicas contra o PT e a esquerda da qual fazem parte o golpe jurídico-parlamentar contra Dilma Rousseff em 2016 e a prisão ilegal e de natureza política do ex-presidente Lula, em abril de 2018, impedindo-o de disputar uma eleição na qual era o grande favorito.
Tudo aquilo que avisamos que ocorreria caso Michel Temer assumisse o governo se confirmou: um arrocho sobre os trabalhadores foi imposto a toque de caixa e sem discussão com a sociedade, que votou contra essa agenda regressiva nas eleições de 2014; a entrega do pré-sal e de outras riquezas, complementada pelo desmonte do patrimônio do povo brasileiro representado por estatais como Petrobras, Eletrobras e toda a sua estrutura erguida ao longo de décadas; a aprovação da Reforma Trabalhista, que nos levou de volta ao século XIX em matéria de direitos laborais e proteção do trabalhador; e a mudança na política externa, com a adoção de uma orientação sem independência e subserviente à Casa Branca.
Todos esses elementos estão presentes na agenda central já anunciada de Jair Bolsonaro, que será tão somente uma versão piorada e aprofundada de Michel Temer na condução do Executivo, mas com um contorno institucional ainda mais repressivo e autoritário.
Caberá ao PT fazer oposição a esse governo e impedir a implementação dessa agenda guiada pelo entreguismo e pelo retrocesso civilizatório. Nesse contexto, será tarefa fundamental do Partido dos Trabalhadores – com destaque para os mandatos parlamentares na Câmara e no Senado – e dos demais atores políticos do campo democrático enfrentar e derrotar a máquina de mentiras que venceu a eleição através de um esquema financeiro sombrio que ainda está por ser desvendado.
Paralelo a esses desafios e item central da agenda democrática e popular é a luta pela libertação de Lula, já amplamente reconhecido no mundo inteiro – e cada vez mais por adversários históricos do PT – como preso político de juízes, procuradores e policiais a serviço de interesses escusos e alheios ao da população brasileira.
Reforçar os nossos instrumentos e processos de comunicação e de diálogo – que deverá ser, necessariamente, cada vez mais horizontal e próximo às bases populares que fundaram o PT e embalaram o sonho de transformação do Brasil em um País justo, soberano e igualitário – será vital para que consigamos fazer frente aos desafios que o atual momento histórico coloca à nossa frente.
Mais do que nunca, nosso papel será, em conjunto com nossos aliados, fortalecer e organizar a resistência e a luta que resultarão na vitória contra os fascistas e seus prepostos.
Deputado Paulo Pimenta (PT-RS)
Líder do PT na Câmara