O ex-motorista do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), Fabrício Queiroz (foto), de quem Jair Bolsonaro (PSL) afirmou ser amigo e ter feito empréstimos, movimentou em sua conta muito mais do que os R$ 1,2 milhão como vinha sendo noticiado. Segundo publicou no domingo (20) o jornalista Lauro Jardim, de O Globo, dados do Coaf mostram movimentação de R$ 7 milhões em três anos. Um escândalo que afeta não só o filho Flávio como o próprio Jair e sua mulher, Michelle. A primeira-dama foi favorecida com depósitos de Queiroz em sua conta.
Além da quantia de R$ 1,2 milhão movimentada atipicamente entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, a conta de Queiroz teve movimentação de mais R$ 5,8 milhões nos dois exercícios imediatamente anteriores, totalizando R$ 7 milhões em três anos.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, o líder da Bancada do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), avalia que as denúncias contra o clã Bolsonaro são muito graves. O parlamentar afirma que o senador eleitor Flávio Bolsonaro negociou pelo menos 13 imóveis de alto valor no Rio de Janeiro nos últimos anos, e apareceram depósitos não identificados em sua conta, os quais precisam ser investigados. Primeiro foi um depósito de R$ 1,2 milhão; agora, apareceram R$ 7 milhões e outros 48 depósitos sem identificação. Pimenta pergunta por que ninguém da família Bolsonaro foi chamado para depor? “O ministro da Justiça Sérgio Moro é o chefe do Coaf, por que ele, o Deltan Dallagnol [um dos procuradores da Operação Lava Jato] e a Raquel Dodge [Procuradora-Geral da República] não chamam Queiroz e Flávio Bolsonaro para prestarem depoimento?, questiona o deputado.
O deputado federal e líder da Oposição, José Guimarães (PT-CE), postou em sua conta no twitter: “E a coisa não para, né! Só vamos saber a verdade de tantas denúncias com a CPI no Congresso Nacional”. Guimarães e outros parlamentares defendem investigar as denúncias contra Queiroz e Flávio Bolsonaro através de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, já no início dos trabalhos legislativos, em fevereiro.
“Fazia rolo” – Segundo o próprio Jair Bolsonaro, Queiroz “fazia rolo. “Haja rolo”, provocou o colunista, segundo o qual “o Coaf sabe muito mais do que já foi revelado sobre o caso Fabrício Queiroz, o ex-motorista de Flávio Bolsonaro”.
Nos arquivos do órgão federal de controle de atividades financeiras consta que Queiroz movimentou um volume de dinheiro substancialmente maior do que veio a público até dezembro.
O colunista citou ainda fato de o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux ter blindado Flávio, barrando as investigações, em uma decisão contestada por juristas.
O relator do caso, ministro Marco Aurélio Mello, chamou a decisão de Fux de “ilegal, imoral e inconstitucional, que irá para a lata de lixo”. As explicações de Flávio, segundo Jardim, terão que ser mais convincentes do que as até agora apresentadas.
Queiroz foi convidado duas vezes para prestar esclarecimentos no MP do Rio de Janeiro, mas não compareceu. A justificativa era problemas de saúde. A família dele também foi chamada para esclarecer a movimentação atípica de mais de R$ 1,2 milhão entre 2017 e 2018, mas também não apareceu.
Flávio Bolsonaro também não compareceu quando chamado a depor, mas havia prometido marcar uma nova data. Por ter prerrogativa de foro privilegiado, podia acertar com os promotores uma data para se apresentar e dar seus esclarecimentos. Por meio de uma conta no Twitter, o parlamentar disse que não teve acesso ao processo.
Em entrevista ao SBT em dezembro, Queiroz afirmou que entre suas atividades está a de revenda de carros. E que ganhava cerca de R$ 10 mil por mês quando fazia assessoria a Flávio Bolsonaro, e que seus rendimentos mensais eram de cerca de 24 mil reais, incluindo remuneração como policial.
Rede Brasil Atual com PT na Câmara
Veja o vídeo do líder Paulo Pimenta: