O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) rechaçou no plenário da Câmara mais um episódio que revela o direcionamento das ações da Operação Lava-Jato no sentido de criminalizar o governo da presidenta Dilma Rousseff e o Partido dos Trabalhadores. Em mais um episódio de vazamento seletivo, a imprensa divulgou parte da delação premiada de Otávio Azevedo, um dos ex-presidentes da empreiteira Andrade Gutierrez. O réu direcionou uma acusação à campanha de Dilma em 2014, afirmando que parte dos valores repassados pela empreiteira tinha origem em propina.
“O estranho nesse vazamento é que não ficamos sabendo se, para o candidato adversário no segundo turno, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), as doações que ele recebeu também foram frutos de propinas. O senhor Aécio Neves recebeu mais recursos do que recebeu a Dilma Rousseff. E o PSDB, nos seus governos, tem contratos com a empreiteira Andrade Gutierrez”, detalhou Zarattini.
A Andrade Gutierrez tem um longo histórico de relacionamento com os tucanos, tendo sido, inclusive, alçada ao controle da Cemig (concessionária de energia mineira) durante os governos do PSDB em Minas Gerais, quando sequer era acionista majoritária da companhia. Afora isso, participou da execução de várias obras sob o comando do tucanato mineiro.
Em seu discurso, Zarattini pontuou outras situações. “Aqui, temos notícia de, por exemplo, duas linhas do metrô de São Paulo, a linha dois e a linha quatro, que estão sendo construídas pela Andrade Gutierrez; o monotrilho, também de São Paulo, chamado linha ouro – deve ser valiosa – a construção está sendo feita pela Andrade Gutierrez; o metrô do Distrito Federal teve suas obras feitas durante o governo do DEM; o Rodoanel Mário Covas, em São Paulo, uma obra bilionária, também com trechos feitos pela construtora Andrade Gutierrez”, enumerou.
Diante dessa proximidade com os governos do PSDB, o deputado – além de criticar os vazamentos seletivos durante seu discurso – defendeu ser importante aprofundar as investigações para saber se o que Aécio Neves recebeu da Andrade Gutierrez durante sua campanha presidencial – em valores superiores aos que foram doados à campanha de Dilma Rousseff – teriam origem em propina.
“Nós temos visto que nos momentos mais sensíveis politicamente, surgem os vazamentos seletivos que procuram atacar o governo, atacar o PT ou atacar até mesmo o ex-presidente Lula. São vazamentos que têm um objetivo claro: tumultuar a cena política. E este daqui tem um objetivo claro: buscar criar um clima favorável à votação do impeachment na próxima semana”, avaliou o parlamentar.
Zarattini chamou a atenção para o objetivo claro desse tipo de episódio: tentar voltar o assunto da corrupção, relacionando-o à candidatura de uma pessoa honesta, que é a presidenta Dilma Rousseff. Ele destacou que contra ela – diferentemente da situação de muitos que a acusam – não há nenhum processo por corrupção ou malfeitos.
“Portanto, nós temos que dizer claramente: a Operação Lava-Jato não é uma operação só de cunho policial ou de cunho investigativo, é uma operação política. É uma operação que tem um destino claro: criminalizar o Partido dos Trabalhadores, criminalizar a campanha da presidenta Dilma e tentar impedir que o presidente Lula possa novamente ser candidato em 2018 – o que ele faria, com certeza, com muito sucesso”, disse.
Por fim, o deputado também destacou o viés econômico da Lava-Jato, citando resultado de um levantamento feito por uma consultoria de São Paulo, comandada, segundo informou, por um economista ligado aos tucanos, Gesner Oliveira. Zarattini afirmou que essa consultoria calculou que, da queda das atividades econômicas de 2015, 2% da redução do PIB se deveu à Operação Lava-Jato.
“Além da redução do preço do petróleo, que atingiu toda a indústria petroleira do mundo, nós vimos que, particularmente, a Lava-Jato foi responsável pela redução das contratações e dos investimentos da Petrobras em 2015, e que prossegue agora em 2016. Portanto, significativamente, atacou a nossa indústria de petróleo, atacou a nossa Petrobras, e, na sequência, também é responsável pela paralisação da indústria naval”.
PT na Câmara
Foto: Gustavo Lima