Enquanto as atenções estão voltadas para o julgamento do impedimento da presidenta Dilma Rousseff, que transcorre no Senado, os golpistas e defensores do governo interino que tomou de assalto o Palácio do Planalto colocaram em pauta, na terça-feira (30), a proposta do senador tucano e ministro interino das Relações Exteriores, José Serra que coloca em risco a soberania do País. O vice-líder da Minoria na Câmara, deputado Carlos Zarattini (PT-SP) defendeu a intensificação desse debate e criticou o que chamou de “conchavo” entre Serra e o presidente da Shell no Brasil.
“Uma coisa que não tem nada a ver. O ministro das Relações Exteriores tem que tratar das relações exteriores e não conchavar com uma multinacional”, cutucou Zarattini.
“Este debate leva-nos a enfrentar uma das grandes questões nacionais, que é o domínio soberano do Brasil sobre suas reservas de petróleo, particularmente do pré-sal, onde foram descobertos, segundo estimativas, 176 bilhões de barris de petróleo. Repito: 176 bilhões de barris”, alertou Zarattini, para a desnacionalização que o projeto de lei 4567/16 que retira da Petrobras o protagonismo na exploração e produção nas jazidas do pré-sal pode causar.
“O projeto do ministro José Serra, um projeto entreguista, tem o objetivo de tirar a Petrobras da condição de operadora única do pré-sal e permitir que as multinacionais do petróleo assumam essa condição”, denunciou Zarattini.
Ao discorrer sobre o tema, Carlos Zarattini desmontou os argumentos golpistas para a entrega da maior riqueza brasileira. “O primeiro argumento usado por aqueles que querem abrir o pré-sal é dizer que a Petrobras está quebrada. Essa é uma grande mentira”, alegou o deputado, lembrando que a Petrobras é uma empresa que detém o controle de boa parte das reservas do pré-sal.
“É uma empresa que tem hoje um caixa de 100 bilhões de reais e vai acrescentar na sua produção mais 1 milhão de barris diários a partir de 2018. Portanto, tem todas as condições de superar as suas dificuldades, que se dão principalmente por conta da queda do preço do barril do petróleo”, anunciou Zarattini.
Outro argumento entreguista que Zarattini combateu foi aquele em que dizem que o petróleo vai perder importância em âmbito mundial. “Essa é outra balela. Estima-se um aumento no consumo, passando de 91 milhões de barris de petróleo diários no mundo para, 111 milhões de barris de petróleo em 2040. Portanto, apesar de todas as fontes alternativas, nós vamos ter um acréscimo no consumo de petróleo em âmbito mundial”, disse o deputado. Ele acrescentou que o petróleo é o insumo para a produção de mais de 3 mil produtos que têm o petróleo como matéria-prima.
Zarattini classificou como “gesto antipatriótico” a intenção do governo interino e usurpador, de retirar da Petrobras a condição de operadora única porque, segundo ele, “a empresa perderia a tecnologia que conquistou, que acumulou, que produziu, porque, na medida em que deixa de ser operadora única, deixa de controlar essa gestão tecnológica”.
De acordo com Zarattini, ao perder essa condição, a Petrobras perderia o controle de exploração de novos campos – ou seja – no médio prazo, a produção de petróleo da Petrobras seria reduzida. “A Petrobras vai ter reduzida sua produção, caso ela não participe dos leilões e não continue sendo operadora única”, alertou.
“A indústria brasileira vai perder. Vai perder porque as multinacionais vão pressionar para que haja mudança da política de conteúdo nacional. A indústria naval brasileira e a indústria tecnológica vão perder muito com a aprovação deste projeto. Por isso, é fundamental que nós nesta Casa rejeitemos o projeto Serra. É um projeto que só interessa às multinacionais”, reiterou o vice-líder da Minoria.
Benildes Rodrigues