Zarattini alerta: Temer muda decreto, mas mantém ameaça à Amazônia

O líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), criticou hoje (29) o novo decreto do presidente ilegítimo Michel Temer que mantém a extinção da Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), entre o Pará e o Amapá. Para o líder, a medida ‘’golpeia de uma só vez a soberania nacional, a sobrevivência de povos indígenas e a preservação da floresta amazônica’’.

Na segunda-feira (28), Temer revogou o  decreto original e assinou um outro, para tentar amenizar as críticas tanto no Brasil como no exterior à extinção da Renca. Mas Zarattini repudiou também o novo texto. “Na essência, o conteúdo é o mesmo: é uma ameaça à soberania nacional e à preservação da Amazônia”.

Em artigo, Zarattini denunciou que Temer subverteu uma política mineral estratégica para o país, permitindo que empresas mineradoras – inclusive estrangeiras – tenham acesso a minérios valiosos e, ao mesmo tempo,  “expôs à sanha da mineração uma área de preservação incluída entre as mais ricas em biodiversidade de todo o planeta.”

Leia, abaixo, a íntegra do artigo, publicado no Blog do Noblat.

 “Novo decreto de Temer mantém ameaça à Amazônia

A entrega dos recursos naturais do Brasil a grupos econômicos nacionais e estrangeiros  não tem limite para o governo Michel Temer. O decreto presidencial que extinguiu a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), entre o Pará e o Amapá, golpeia de uma só vez a soberania nacional, a sobrevivência de povos indígenas e a preservação da floresta amazônica. O mundo pôde confirmar que o País está nas mãos de um governo irresponsável.

O governo anunciou na segunda-feira (28) a revogação do primeiro decreto, trocando -o por outro para tentar amenizar as críticas internas e externas, mas ainda assim a iniciativa deve ser condenada, pois extingue a reserva. O novo texto apenas explicita  que est​ão fora da área a ser explorada por mineradoras aquelas porções de terra da Renca que se sobreponham as unidades de conservação da floresta, terras indígenas e região de fronteiras. Na essência, o conteúdo é o mesmo: é uma ameaça à soberania nacional e à preservação da Amazônia.

Biodiversidade– ​Ao extinguir a reserva, Temer subverteu uma política mineral estratégica para o país, permitindo que empresas mineradoras – inclusive estrangeiras  — tenham acesso a minérios valiosos como ouro, cobre, manganês, ferro, tântalo, diamantes, fosfato, cromo. Em nome de um suposto ganho econômico, expôs à sanha da mineração uma área de preservação incluída entre as mais ricas em biodiversidade de todo o planeta. Essa corrida do ouro pretendida é a ameaça real, sem que tenha havido uma discussão sequer com a sociedade brasileira.

Situada na região de fronteira do Brasil, a reserva foi criada pelo Decreto 89.404/1984, ainda na época do regime militar, com área de 47 mil quilômetros quadrados, maior do que o território da Dinamarca. Os objetivos da Renca eram estratégicos, na medida em que estabelecia ​ ​que a execução das pesquisas geológicas na reserva era exclusividade da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – CPRM, uma empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia, permitindo a exploração privada somente por meio de parcerias.

Conhecimento – Ao eliminar essa condição, o governo atual transferiu às empresas de mineração a prerrogativa de aprofundar o conhecimento dos nossos recursos naturais e determinar, de acordo com seus interesses comerciais, a conveniência e a oportunidade de lavrar nossas ricas reservas minerais.

Entregou o subsolo brasileiro e incentivou uma corrida das mineradoras aos limites inexplorados da Amazônia. Agiu seguindo à risca os interesses de grupos que patrocinaram o golpe parlamentar que destituiu a presidente legítima Dilma Rousseff: destruiu  políticas públicas na área de mineração a fim de sinalizar ao chamado mercado uma ampla liberalidade para espoliar nossas riquezas naturais.

O território compreendido pela Renca engloba nove áreas protegidas: o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, as Florestas Estaduais do Paru e do Amapá, a Reserva Biológica de Maicuru, a Estação Ecológica do Jari, a Reserva Extrativista Rio Cajari, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru e as Terras Indígenas Waiãpi e Rio Paru d`Este.

Indígenas – ​A legislação restringe mineração nessas áreas ou proíbe totalmente, como é o caso das terras indígenas e das reservas extrativistas. O novo decreto ameaça áreas hoje intocadas e também as áreas que devem, constitucionalmente, estar protegidas. Há riscos de potencial conflito entre os interesses do setor mineral e a conservação das áreas protegidas.

Por isso, a Bancada do PT na Câmara tomará  todas as medidas necessárias contra o novo decreto de Temer. Os ministros de Minas e Energia, do Gabinete de Segurança Institucional e o do Meio Ambiente serão convocados a prestar esclarecimentos ao Congresso Nacional.

Devem também responder a processos por improbidade administrativa, já que mineradoras  canadenses souberam da extinção da Renca cinco meses antes do famigerado decreto. Vamos também protocolar projeto de decreto legislativo (PDC) para sustar o decreto de Temer.

O tratamento à Renca mostra nitidamente  que o governo atual não vê a implantação de projetos nacionais como questão estratégica para a soberania. Revela seu desprezo aos povos indígenas e à Amazônia, região estratégica para o País. Ao extinguir a Renca e abri-la a estrangeiros, o governo mostrou miopia em relação à Amazônia. Temer ultrapassou todos os limites. A Floresta Amazônica é um dos patrimônios nacionais descritos na Constituição Federal.

Artigo publicado originalmente no Blog do Noblat em 29 de agosto de 2017

PT na Câmara

Está gostando do conteúdo? Compartilhe!

Postagens recentes

CADASTRE-SE PARA RECEBER MAIS INFORMAÇÕES DO PT NA CÂMARA

Veja Também