O deputado Wadih Damous (PT-RJ), ex-presidente da seccional fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e ex-presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da entidade, afirmou nesta segunda-feira (13), em entrevista à Rede Brasil Atual, que o descumprimento e o desrespeito a mandamentos constitucionais observados na condução da Operação Lava Jato, assim como uma série de abusos cometidos, chegaram a um ponto em que, “até para quem é da área jurídica, fica difícil distinguir o que é correto do que não é”.
A crítica do deputado foi feita ao ser indagado pela RBA sobre informações da Polícia Federal publicadas no último final de semana, segundo as quais não se sabe ao certo, desde o início da Lava Jato, quais recursos investigados correspondem a doações feitas por empresas e quais correspondem ao pagamento de propinas.
Ele reclamou do fato de os juízes estarem se colocando como “justiceiros” e disse que a corrupção tem que ser combatida “com instrumentos da democracia e não ações arbitrárias”. Sem tecer comentários diretamente à PF em si, o deputado destacou também que as delações premiadas que têm sido vazadas não correspondem a provas porque tais informações obtidas pelos depoentes ainda precisam ser comprovadas.
“Delação não é prova” – Para o deputado, o vazamento seletivo do conteúdo das delações que têm sido divulgadas pela grande mídia tem levado a distorções de entendimento sobre o caso. De acordo com Damous, não é possível juridicamente que o conteúdo da delação premiada seja sigiloso no processo e que fora dele todos fiquem sabendo do seu teor por meio das manchetes dos jornais. “O que o delator disse tem ganhado estatuto de verdade absoluta e sido tratado como prova”, alertou.
Wadih Damous avalia que o caminho no Congresso não aponta para pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, como pregam muitos políticos. Para ele, há certo cuidado por parte dos deputados e senadores ao falar no assunto. “A gente sabe que não existe base jurídica para isso e sabe, também, que em todas as legendas há integrantes que são contrários ao impeachment. Então é difícil para as bancadas dos vários partidos fazerem uma defesa sem que sejam associadas à pecha de golpistas”, enfatizou.
Rede Brasil Atual
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