O deputado Wadih Lula Damous (PT-RJ) denunciou em plenário a tentativa de privatização da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). “Pelos desgovernos federal e estadual a universidade está caindo aos pedaços. E o mais grave, existe um movimento na Faculdade de Direito, que, ao invés de incentivar a união de toda a comunidade acadêmica para defender a UERJ, está indo pelo caminho da farinha pouca, meu pirão primeiro”, criticou.
O parlamentar disse que está em curso a negociação de um convênio, conduzida pelos ministros do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux e Luís Roberto Barroso, para tirar a Faculdade de Direito do campus da UERJ e levá-la para um campus próprio, que seria cedido pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Em contrapartida, indagou Damous, os desembargadores e juízes teriam livre acesso a cursos de mestrado e doutorado, sem se submeterem ao processo de seleção.
“Isso é inaceitável. Os dois movimentos são inaceitáveis. Esse troca-troca é inaceitável”, reforçou enfaticamente o deputado Wadih Lula Damous. Sem esconder a emoção, ele contou que foi aluno da Faculdade de Direito da UERJ. “Parte da trajetória da minha vida foi passada nessa universidade. Ali, eu combati a ditadura, fui presidente do Centro Acadêmico Luiz Carpenter (CALC) e do Diretório Central dos Estudantes. E hoje a minha universidade está ameaça de fechar as portas”, lamentou.
O deputado alertou que já existe mais de meio caminho andado para a privatização da UERJ. “Eu quero ver a Faculdade de Direito da UERJ — um dos melhores cursos jurídicos do País — funcionando, mas não em troca dessa indignidade, da sua privatização”, protestou.
Ele disse ainda que acha lamentável que, principalmente o ministro Barroso, que foi seu colega de turma e é professor naquela faculdade, defenda essa privatização. Ele informou ainda que o ministro Fux, que está envolvido na formalização do convênio para tirar a faculdade da UERJ, é filho da casa.
Resistência – O deputado Wadih Lula Damous informou que existe uma resistência de professores e estudantes a esse movimento de transferência da Faculdade de Direito da UERJ. Ele citou na linha de frente da resistência os professores Juarez Tavares e Nilo Batista. E mais uma vez repetiu: “nós não podemos permitir que isso aconteça”
“Precisamos salvar a faculdade. Então, eu espero que a comunidade acadêmica da UERJ se una como um todo e defenda o campus, defenda a universidade, defenda todas as unidades, para que esse troca-troca não se efetive”, concluiu Damous.
Vânia Rodrigues