O deputado Wadih Damous (PT-RJ) fez um discurso contundente na terça-feira (22), na tribuna da Câmara, em defesa do Almirante Othon Pinheiro, que continua em prisão preventiva sem ter o pedido de habeas corpus julgado. “Isso já passou de todos os limites. Já passou da arbitrariedade do sistema de justiça. Já passou da perseguição. Isso é maldade! Fazer isso com esse homem é uma maldade inaceitável”, protestou.
Wadih Damous propôs a organização de um movimento nacional para tirar o almirante Othon da cadeia. Ele anunciou também que apresentará, nos próximos dias, ao presidente da República, um pedido de indulto, um pedido de graça ao Almirante Othon. “Não é possível nós permitirmos que esse homem vá definhar na cadeia por conta de uma arbitrariedade judicial, por conta da inação dos nossos tribunais, que nem sequer decidem o seu recurso em habeas corpus”.
O deputado do PT-RJ destacou que visitou o Almirante Othon há poucos dias, juntamente com o seu advogado de defesa. “Ele, embora seja tratado dignamente na prisão onde se encontra, uma prisão militar, é um homem isolado. De que serve ao Brasil o Almirante Othon estar preso? De que serve à sociedade brasileira o confinamento desse homem numa masmorra?”, questionou.
Wadih Damous disse que não sabe quanto tempo de vida ainda terá o Almirante Othon, um homem de 78 anos, depois da detecção de um câncer. “Dentro desse quadro de mazelas por que passa o Almirante Othon, ele teve detectado um câncer, um melanoma dos mais agressivos, que é responsável pela morte de mais de 75% das pessoas que padecem dessa moléstia”, contou o deputado, apelando para que a Justiça decida logo sobre o habeas corpus.
O deputado encerrou lembrando que o Almirante Othon é um “verdadeiro herói brasileiro. “Ele é um dos maiores cientistas da história do Brasil, foi ele que criou o nosso reator nuclear. É um homem com uma folha de serviços irretocáveis prestados ao País e está definhando na prisão”, lamentou.
Entenda o caso – Considerado o pai do Programa Nuclear brasileiro, o Almirante Othon foi acusado pelo Ministério Público de receber R$ 4,5 milhões como vantagens na construção de usina nuclear Angra 3, na época em que foi presidente da Eletronuclear, entre os anos de 2005 e 2015. O esquema estaria ligado a um contrato aditivo no valor R$ 1,24 bilhão, firmado entre a Eletronuclear (controladora da usina) e a construtora Andrade Gutierrez. Em agosto de 2015 o Almirante foi condenado há 43 anos de prisão, em sentença proferida pelo juiz Sergio Moro.
Vânia Rodrigues