O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), reafirmou hoje (2) a importância da criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar irregularidades da Operação Lava Jato e criticou o medo da base de apoio do governo Jair Bolsonaro em relação à iniciativa. “Faziam discurso de que representavam a ‘nova política’, mas são é capangas de milicianos, porta-vozes de bandidos”, provocou o líder petista.
As afirmações de Pimenta foram feitas a propósito do mais novo escândalo envolvendo a Lava Jato, com a prisão, no Rio de Janeiro, de seis servidores da Receita Federal, um deles Marco Aurélio da Silva Canal, supervisor nacional da Equipe Especial de Programação da Lava Jato — grupo responsável por aplicar multas aos acusados da operação por sonegação fiscal. A Justiça determinou o bloqueio de R$ 13,8 milhões em bens do suspeito.
Palestras
Pimenta qualificou como “muito grave” o caso, já que Canal recebia informações sigilosas da Lava Jato “para vender proteção a criminosos, extorquir bandidos”. O líder ironizou o fato de Canal — assim como o procurador-chefe da Lava Jato, Deltan Dallagnol – ter-se especializado também em dar palestras, “com um método inovador de combate à corrupção”.
Segundo Pimenta, mais uma denúncia envolvendo a Lava Jato reforça a necessidade da CPI. Ele lembrou que os procuradores da Lava Jato, em Curitiba, tinham se apropriado de R$ 2,5 bilhões oriundos da Petrobras, por intermédio de um acordo misterioso com os Estados Unidos. Os recursos eram para uma fundação privada que seria gerida por eles, o que poderia lhe garantir enriquecimento pessoal via “palestras até o fim da vida”, segundo Pimenta. O Supremo Tribunal Federal interditou a manobra.
Ataques da Lava Jato ao Congresso
Para o líder do PT, o Congresso Nacional, “atacado e enxovalhado mais de uma vez pelos meliantes da Lava Jato” não deve ser acovardar diante das ameaças dos lavajateiros, pois 80% dos ataques são via robôs.
Pimenta provocou os integrantes da base do governo que usam costumeiramente um discurso moralista de combate à corrupção: “Não estão agora horrorizados com os auditores que faziam parte de um esquema criminoso na Lava Jato?”, indagou o líder. “Essa moral seletiva nos envergonha”, acrescentou, destacando a importância da abertura de uma CPI para investigar os métodos criminosos do ex-juiz Sérgio Moro e de outros integrantes da Lava Jato.
Para Pimenta, o Congresso deve ir fundo nas investigações para apurar suspeitas de esquemas de favorecimentos e enriquecimento pessoal de integrantes da Lava Jato. Ele provocou os membros da base de Bolsonaro: “Você têm medo da CPI das Fake News, do Queiroz, do sargento com a cocaína e dos auditores da Receita?”
O líder petista observou que a sucessão de escândalos envolvendo a Lava Jato – com as revelações do site The Intercept Brasil e seus parceiros na mídia, e agora o livro de memórias do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot – leva a uma só conclusão: “Logo, logo vão cair outros, não vai demorar para ver toda essa turma de hipócritas sentada no banco dos réus. Lava Jato era uma farsa e hoje têm (os membros da base do governo) vergonha de defendê-la”.
Assista ao discurso de Paulo Pimenta:
Leia mais:
Pimenta quer investigação sobre Lava Jato e chama de “patéticos” parlamentares que querem retirar assinaturas da CPI
Petistas afirmam que CPI para investigar conduta de Moro e Deltan confirmará crimes da Vaza Jato
PT na Câmara