Visita do presidente da China é deferência especial para o Parlamento brasileiro, afirmam petistas

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Aproveitando a passagem pelo Brasil para participar da reunião dos BRICS, o presidente da China, Xi Jinping, visitou nesta quarta-feira (16) o Congresso Nacional, onde recebeu homenagens e, no discurso oficial, ressaltou as relações entre os dois países e o bom momento brasileiro.

Para o líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (SP), a visita é um “belo gesto que denota o respeito mútuo e as boas relações” entre Brasil e China. “Quando o chefe do poder Executivo de um importante país faz questão de visitar o Parlamento, é uma atitude que nos dignifica e demonstra respeito pelo nosso País e pelo nosso Congresso. Além disso, isso fortalece cada vez mais as nossas relações diplomáticas e contribui para o desenvolvimento econômico, social e cultural dos dois países”, avalia Vicentinho.

Já o deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), que presidiu a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara em 2013, considera que a visita é importante e valoriza o bom momento vivido pelos BRICS. “Esta visita é uma deferência especial e também é mais um passo no caminho para a consolidação do bloco. Cabe a nós, parlamentares, devolvermos essa contribuição na forma de ações legislativas que fortaleçam os BRICS e o processo de fortalecimento do Sistema ONU, cuja importância que foi reafirmada pelos cinco países do bloco”, destacou Pellegrino.

Em seu pronunciamento, o chefe de Estado enalteceu os avanços pelos quais o Brasil tem passado nos últimos anos. “O povo brasileiro tem conquistado, com forças unidas e trabalhos incansáveis, êxitos notáveis na construção e desenvolvimento socioeconômico do País”, afirmou Jinping, no cargo desde 2013.

O presidente usou um velho ditado para expressar a amizade entre as duas nações, que possuem relações diplomáticas desde 1974. “Amigo do peito faz terra distante perto. O antigo verso chinês é o mais adequado para descrever as relações China-Brasil. O Oceano Pacífico nos separa, mas não impede o desenvolvimento da nossa amizade. A China tem sido o maior parceiro comercial do Brasil por cinco anos consecutivos. E o Brasil é o maior parceiro comercial e importante destino de investimento chinês na América Latina e Caribe por longo período. A nossa cooperação pragmática não apenas abrange as áreas tradicionais comerciais, mas também tem se tornado tão diversificada na alta tecnologia que se estende desde o espaço sideral até águas profundas, como satélites de recursos terrestres, jatos regionais, prospecção e exploração de petróleo no mar profundo, biotecnologia, etc.”, disse Jinping.

“As relações entre a China e o Brasil, influentes gigantes em desenvolvimento e países promissores de economia emergente, já transcenderam a vertente bilateral e têm cada vez mais projeção global”, prosseguiu o presidente, frisando que não há modelo de desenvolvimento “que sirva para todos os países”.

Jinping ainda afirmou que “em todos os setores da sociedade chinesa vem crescendo o entusiasmo de adensar a cooperação com o Brasil” e que a “cooperação pragmática” entre os dois países deve ser aprofundada, expandida e aperfeiçoada. “Em 2013, o nosso comércio bilateral ultrapassou US$90 bilhões. Devemos continuar a aumentar o comércio bilateral, elevar a proporção dos produtos de maior valor agregado e resolver adequadamente as fricções. Para promover o equilíbrio comercial, devemos continuar a ampliar o investimento mútuo, aproveitar o papel promotor da cooperação financeira e alavancar uma série de projetos estratégicos compatíveis com o desenvolvimento das duas partes conducentes ao bem-estar dos nossos povos”, defendeu.

Segundo o líder chinês, “o mundo de hoje está passando por profundas e complexas mudanças” e os dois países devem assumir responsabilidades internacionais para a promoção da governança global. Para ele, são preocupantes os “impactos profundos” da crise financeira internacional e o aumento de elementos instáveis da economia mundial, bem como um agravamento do desequilíbrio no desenvolvimento global, a existência do “neointervencionismo” e frequentes turbulências regionais. Questões globais como segurança alimentar, energia, recursos naturais e cibernética possuem hoje ainda maior relevância, listou o presidente. “Nesse contexto, tornam-se agenda principal do mundo a promoção da multipolarização mundial, a democratização das relações internacionais, o desenvolvimento sustentável da economia mundial e a salvaguarda da diversidade cultural. Para salvaguardar e levar adiante a justiça internacional, devemos insistir na igualdade soberana. Os assuntos de cada país devem ser cuidados por seu próprio povo, o destino do mundo deve ser dominado por todos os povos, enquanto os assuntos relativos a todo o mundo devem ser tratados através de negociações entre governos e povos”, propôs Jinping.

O presidente citou Juscelino Kubitschek, Oscar Niemeyer e Simon Bolívar e encerrou seu pronunciamento conclamando os líderes brasileiros para a construção de um mundo melhor. “Olhando para o futuro do nosso relacionamento, vamos de mãos dadas criar um futuro mais brilhante da parceria estratégica com a China, fazer mais contribuições para a nobre causa da paz, do desenvolvimento e do progresso da humanidade”, concluiu Jinping.

Confira abaixo a íntegra do discurso do presidente Xi Jinping.

Discurso – Xi Jinping – 16/07/2014 (formato .doc)

Rogério Tomaz Jr.
Foto: Salu Parente/PT na Câmara

 

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