O líder da Bancada do PT, deputado Vicentinho (SP) ocupou a tribuna nesta terça-feira (13) para lembrar a passagem do 13 de maio, Dia da Libertação dos Escravos, e avaliar a trajetória da população negra brasileira nestes 126 anos desde a assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel. “O que se percebe ao longo desses 126 anos é exatamente um tratamento completamente diferenciado do povo negro com referência aos irmãos que vieram de outros países não escravizados”, afirmou.
De acordo com Vicentinho, “ao povo negro foi deixada a sarjeta, foi deixado o abandono. Aos nossos irmãos italianos, japoneses, coreanos, enfim, muitos tiveram, inclusive, terra para nela trabalhar e viver. Que bom se isso fosse para todo mundo. Percebe-se que, ao longo de mais de um século, o povo negro ficou relegado ao segundo plano. Está comprovado por todos os números que o fato de ser negro implica condições péssimas à comunidade negra”.
Na avaliação do líder petista, apesar dos negros serem minoria no Parlamento, com a pressão dos movimentos sociais que lutam contra o preconceito, foram aprovados vários projetos importantes no Congresso. “E por isso que deveremos manifestar sempre o nosso respeito a quem luta neste País; por isso valorizar esta Casa, que teve a coragem de aprovar o Estatuto da Igualdade Racial; que teve a coragem de aprovar o sistema de cotas, inclusive para o concurso público. Mas as aprovações ainda precisam evoluir”, frisou Vicentinho.
Marcha – O líder do PT destacou a importância da 18ª Marcha Noturna pela Democracia Racial, realizada em São Paulo no último final de semana. “Essa manifestação contou com a presença de jovens, jovens negros, que gritavam pela aprovação do projeto que trata dos autos de resistência; que denunciavam as mortes dos jovens que perdem a vida, todos os dias, na periferia”, disse.
“Precisamos verificar que, além desse ar-condicionado, há muita coisa acontecendo nas periferias. Além da vida que vivemos aqui, muitas vezes enclausurados, é necessário que a gente volte à comunidade que representamos, para compreender que alguma coisa de ruim está acontecendo neste País, sobretudo no aspecto da violência — estimulada pelas malditas drogas, é verdade, mas também pelo preconceito que, infelizmente, se enraizou em cada setor e em cada segmento”, avaliou Vicentinho.
O líder petista conclamou a uma reflexão neste 13 de maio. “Que este dia — que não é um dia para se comemorar, porque a gente comemora efetivamente no dia 20 de novembro — seja um motivo de reflexão entre nós, deputados, para verificar que pape l cumprimos na sociedade. O que podemos fazer? Ainda há outros projetos, além do que trata do auto de resistência. Como a luta com relação à violência contra as mulheres, que não pode ser uma luta só das mulheres, mas também dos homens. E assim como a luta por um mundo melhor e mais acolhedor com uma vida vivida plenamente, como já é colocado nos ditames da Bíblica Sagrada”, enfatizou o deputado Vicentinho.
Gizele Benitz
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