A notícia de que o governo brasileiro resolveu incorporar cubanos que já participaram do Mais Médicos no edital de emergência contra o coronavírus foi recebida com alegria e esperança pelos profissionais estrangeiros. Muitos ficaram desempregados depois que Bolsonaro os dispensou assim que assumiu o governo.
O médico cubano Yubeidy Mora Venero é um dos que terá uma nova chance de emprego em sua área no país. Ele passou um ano e meio atuando no município de Mata Grande, no sertão alagoano, e com o fim do Mais Médicos decidiu ficar na cidade e ainda trouxe a esposa, que é enfermeira e também não pode atuar no país.
Contudo, desde que foi dispensado do programa, Venero precisou vender frango assado aos finais de semana para sobreviver. Com isso, além de celebrar a nova chance para atuar contra o coronavírus, o médico lembra da necessidade que passou com o desemprego.
“Somos 2.000 cubanos, vamos para qualquer parte de Brasil. Indiscutivelmente vamos ajudar a evitar a doença e a controlar os focos”, conta, em entrevista ao UOL. “Mais do que contente com a chance, estamos necessitados, desempregados. O que ganhou hoje só dá para pagar a comida e a casa, além dos meus estudos para o Revalida”, completa.
O médico também lembra que cubanos que vieram para o Brasil sempre atuaram na atenção primária, o que ajudará na luta contra o coronavírus. “Tenho 12 anos trabalhando nesse espaço que se fundamenta na epidemiologia, na prevenção — que é o principal tratamento que temos para muitas doenças, principalmente para o covid-19”, afirma.
Quando assumiu o governo, Bolsonaro priorizou sua ideologia e começou o desmonte do Mais Médicos com a dispensa dos profissionais cubanos que trabalhavam no país. Em agosto, ele chegou a dizer, a respeito do programa, que “o PT botou 10 mil fantasiados de médicos para fazer célula de guerrilha e doutrinação”.
Por Revista Fórum