Depois da articulação que resulta na longa sessão de julgamento da presidenta Dilma Rousseff, o senador Jorge Viana (PT-AC) trouxe uma dúvida ao plenário. “Como a História nos julgará?”, questionou o parlamentar, lembrando que o Senado está prestes a afastar uma presidenta que não cometeu crime algum, como ficou provado ao longo do processo.
Para o parlamentar, a questão é decisiva. “Somos todos sujeitos, autores e atores desse processo de impeachment e eu gostaria de saber como a História vai julgar quem acusa. Como a História vai julgar o senhor Eduardo Cunha, que por ódio e vingança iniciou esse processo. Como a História vai julgar a imprensa brasileira; será que ela vai ser obrigada a pedir desculpas por ter apoiado explicitamente – alguns veículos – esse golpe?”, questionou o senador.
Citando o jornalista americano Guy Talese, citou uma frase, ouvida no início da carreira do jornalista. Mais que uma frase, um conselho a um jovem repórter: “é preciso ser mais do que justo com aqueles de quem discordamos”. Jorge Viana perguntou se a imprensa brasileira foi justa com a presidenta Dilma. Ele mesmo respondeu: “a História vai julgar”.
“E os banqueiros, como serão julgados?”, prosseguiu o parlamentar, respondendo que esse é um caso mais fácil: “eles foram os primeiros a se acomodar neste novo governo; estão lá no Banco Central, no Ministério da Fazenda, já estão garantidos no poder, de onde não saem”.
“Quanto aos empresários paulistas, capitaneados pelo senhor Paulo Skaf, presidente da mais conservadora entidade empresarial do País, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que se botou a serviço dessa trama; como será julgada a elite”, quis saber.
E, dirigindo-se ao presidente do Supremo Tribunal Federal, perguntou: “E o Judiciário, presidente Ricardo Lewandowski, como será julgado? Qual foi a bala de prata do impeachment? Foi aquele juiz, cabo eleitoral aqui de Brasília, quando fez uma sentença encomendada, antes da hora, que ninguém puniu, e que impediu a Presidenta Dilma de nomear o seu ministro. Coisa sublime, sagrada, o chefe do Executivo nomear seus assessores, seus auxiliares. Um juiz, cabo eleitoral de quinta categoria. Não posso julgar a Justiça brasileira por isso, mas, no outro dia as manchetes eram: Justiça impede Dilma de nomear Lula. Aquilo foi a bala de prata”, disse.
“Não vou mais fazer defesa da presidenta, porque ela passou o dia inteiro ontem (segunda-feira, 29), aqui, mostrando com fatos e dados que ela não cometeu crime de responsabilidade”, arrematou. Viana acrescentou que a defesa do ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo escreveu ”uma das páginas mais bonitas da História deste Senado Federal”.
“Somos um tribunal que vai julgar uma brasileira que emprestou sua vida para defender a democracia e, quando ocupou um cargo público, fez isso com honradez”, enumerou, atribuindo à presidenta a participação na criação de um projeto de País que foi capaz de fazer do Brasil uma Nação mais inclusiva, onde empregos foram criados e milhões foram retirados da linha de pobreza.
O desafio agora, será reunificar um país que se tornou dividido, observou.
Agência PT no Senado
Foto: Divulgação