O deputado federal Valmir Assunção (PT-BA) apresentou um requerimento ao Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) pedindo explicações sobre um material didático distribuído no exterior com frases de caráter racista e com ataques diretos ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na ação, liderada por Valmir Assunção e entregue na última quinta-feira (16), ele e outros 30 parlamentares criticaram duramente o governo Bolsonaro pela distribuição do material.
“O material já foi retirado do ar, mas queremos respostas sobre o caráter político, social e racial dos conteúdos. São sentenças carregadas de juízo de valor. Esse material seria utilizado em cursos de língua portuguesa no exterior por meio da Rede Brasil Cultura”, explica Valmir Assunção.
Entre as questões do material didático uma revelava um tom racista ao questionar em um dos exercícios a prática da conjugação do verbo ‘ficar’. “Se ela alisasse o cabelo, ela (……) mais bonita”, aponta a sentença. Sobre o MST, o material apresentava a sentença pedindo a conjugação dos verbos ‘apropriar’ e ‘conseguir’. “Se o MST se (……) de nossas terras, nunca mais (……) reavê-las”. Já sobre o ex-presidente Lula, a apostila envolvia a seguinte indagação: “Se eu soubesse que o Lula seria tão corrupto e se envolveria com o mensalão, eu não teria votado nele”. Em outro caso, é solicitada a conjugação do verbo ‘haver’ em uma sentença que condena o aborto: “Se as mulheres não abortassem, não (…..) tantas clínicas de aborto clandestinas”.
Os 31 parlamentares querem detalhes da produção do material, sobre quem recebeu, quem se responsabiliza, quantos exemplares foram distribuídos, para quem e onde, além da explicação do governo Bolsonaro sobre a disseminação de informações falsas, racistas e/ou preconceituosas.
“O que está acontecendo é que Bolsonaro quer construir uma narrativa mentirosa da história moderna. O MST é alvo de injúrias e o ex-presidente Lula também é atacado por ter mudado a vida das pessoas deste país. Mas não será um material desse tipo que vai anular a luta do PT e do movimento por melhores condições de vida, por estruturação rural e por reforma agrária. Vamos manter o foco na luta e contra os grileiros e latifundiários, responsáveis pela violência no campo”, dispara o deputado baiano.
Assessoria de Comunicação