O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), destacou que o segundo turno das eleições presidenciais deixará mais claro os dois projetos políticos que irão se enfrentar no dia 31 de outubro. “De um lado, o da candidata Dilma (Dilma Rousseff, do PT), que é a política de desenvolvimento com distribuição de renda e de fortalecimento do Brasil no exterior.
De outro, a política que nós chamamos neoliberal ( do candidato José Serra), que foi executada pelo governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O povo tem uma memória fresca. Esse é o debate principal, além do próprio debate entre a Dilma e o Serra”, afirmou.
Em entrevista na Câmara, Vaccarezza afirmou que o PT respeitará a posição que o PV e que a candidata do partido, Marina Silva, decidirem tomar quanto ao apoio político no segundo turno. “Mas posso dizer o seguinte: o próprio Serra, no debate com a Marina, deixou claro para o País e para o PV que, na visão dele, a Marina tem mais a ver com a Dilma do que com ele, Serra – usando palavras textuais dele publicadas hoje na imprensa”, disse Vaccarezza.
O líder lembrou que há um grande arco político de centro-esquerda de apoio à Dilma e que a bancada do PV faz parte da bancada de sustentação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele destacou ainda que Marina Silva foi ministra por sete anos no governo Lula (Meio Ambiente). “E a luta pela sustentabilidade do planeta tem muito a ver com a história do PT. Os principais quadros dos movimentos ambientalistas são filiados do PT e foram aliados do PT”, afirmou.
Vaccarezza acrescentou que no primeiro turno da eleição o eleitor escolhe seu candidato. “E ao fazer isso, 47% dos eleitores cravaram Dilma como seu candidato. Agora, no segundo turno, as pessoas escolhem o melhor das duas opções. Nessa situação, acho que a tendência é de voto na Dilma”, afirmou.
Aborto – Na entrevista, o líder do governo também esclareceu a polêmica envolvendo a legalização do aborto. “Esse é um tema simples. Ele é mais polêmico pelo tipo de debate que saiu da mídia do que pelo debate entre os dois candidatos, porque o Serra e a Dilma têm posições exatamente iguais. O Serra, inclusive, foi quem normatizou a lei do aborto. A Dilma já afirmou publicamente que o governo não fará mudanças, não encaminhará projetos de mudanças da atual lei”, disse. Ele afirmou ainda que esse não é o tema central da eleição. “O tema central é a proposta que vamos discutir para o Brasil, são os projetos”, acrescentou.
Questionado a respeito das declarações sobre o tema do ex-deputado do PT Bassuma, Vaccarezza lembrou que Bassuma não foi expulso do partido, mas suspenso por ter agredido verbalmente mulheres que discordavam da posição do deputado. “Ele deu uma entrevista injusta. Ele foi suspenso porque fez manifestação política contra as pessoas que defendiam a aprovação da lei da descriminalização do aborto. Ele agrediu verbalmente as mulheres que defendiam isso”, disse.
Economia – Na entrevista, Vaccarezza contestou a versão de analistas de mercado de que a decisão do governo de aumentar a alíquota de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 2% para 4% sobre o ingresso de investimentos estrangeiros para aplicações em renda fixa e fundos de investimento não tenha surtido efeitos na contenção da valorização do real. “É cedo para falar que não deu certo, porque em economia não tem mágica. A medida foi tomada há dois dias”, afirmou.
Gabriela Mascarenhas
