Em artigo, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) analisa o sucateamento do ensino público, em particular no estado do Paraná. “Não podemos esperar que a situação dos alunos, dos professores, das nossas universidades fique cada vez mais caótica. A educação não pode ser alvo de retaliação, de corte de gastos para equilibrar as contas do governo. As universidades estaduais deveriam ter seus investimentos ampliados, a situação deveria estar melhorando com ampliação de vagas, investimentos em pesquisa e extensão e o apoio a formação superior. Investir em educação é assegurar o desenvolvimento do estado no futuro e não deixar que nossas universidades sigam o caminho contrário e morram à míngua”, diz o texto.
Leia a íntegra:
Universidades do Paraná com o pires na mão
O sucateamento no ensino público superior no estado do Paraná chegou em um patamar insustentável e deixa as universidades com o pires na mão minguando por recursos para situações básicas. Além dos cortes de investimentos, o governo do estado quer tirar a autonomia das instituições, por meio da adesão do chamado Meta 4. O programa é um sistema operacional de despesas de pessoal que, supostamente, serviria para controlar os gastos dos órgãos de administração estadual. Porém, já existem inúmeros mecanismos para isso e fica a desconfiança de que o sistema vise a ingerência política e a limitação administrativa, além da autonomia das universidades.
As universidades estaduais que se negaram a aderir ao sistema, sofrem com a falta de recursos, que atingem desde as bolsas estudantis e até mesmo para a manutenção de serviços básicos dos prédios. Se o Governo do Estado quer fazer ajuste fiscal e equilibrar gastos, deveria cortar dos desperdícios, que nós sabemos que são cada vez mais frequentes no dia a dia do governo do estado do Paraná. Além de toda a desvalorização dos professores e professoras e com a falta de diálogo com estudantes, o governador está bloqueando, agora, os repasses de recursos, em uma tentativa de retaliação a essas entidades.
Mais uma vez, o governo do Estado deixa claro que sua meta é reduzir custos, não importa as consequências e preço a ser pago pelo ensino público. Há anos, percorro os municípios no Paraná e vejo a situação dos prédios, escuto as queixas de alunos e educadores sobre a falta de interesse e de negociação com o poder público estadual.
A Universidade Estadual de Londrina (UEL), a Universidade Estadual de Maringá (UEM) e a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) estão no seu direito de defender que sua autonomia orçamentária seja respeitada e que o governo leve em conta a dinâmica própria de cada instituição para isso.
O quadro que se apresenta com as decisões do governo é com universidades com dinheiro bloqueado para despesas mais básicas, como material de consumo; custos com alunos; atividades de ensino; bolsas de graduação; ou qualquer serviço prestado por empresas. É essa a educação de qualidade que o governo estadual apresenta a população do Paraná.
Não podemos esperar que a situação dos alunos, dos professores, das nossas universidades fique cada vez mais caótica. A educação não pode ser alvo de retaliação, de corte de gastos para equilibrar as contas do governo. As universidades estaduais deveriam ter seus investimentos ampliados, a situação deveria estar melhorando com ampliação de vagas, investimentos em pesquisa e extensão e o apoio a formação superior. Investir em educação é assegurar o desenvolvimento do estado no futuro e não deixar que nossas universidades sigam o caminho contrário e morram à míngua.
*Deputado Federal Zeca Dirceu – PT/PR
Foto: Gustavo Bezerra