União dos Povos Indígenas: Assassinato de Bruno e Dom é crime político

Cris Vector/PT Nacional

Líderes indígenas e diferentes jornalistas criticaram a postura “soberba” da Polícia Federal (PF) na entrevista coletiva sobre o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Philips, mortos na Amazônia. Para a entrevista, realizada em Atalaia do Norte (AM), a PF não convidou nem tampouco mencionou a União dos Povos Indígenas (Univaja), indigenistas e ribeirinhos   que contribuíram decisivamente com o trabalho de investigação para apurar o caso.

Por nota, a Univaja anunciou que considera as mortes do e Bruno e Dom como um crime político e ressalta que novas providências sobre o caso serão tomadas a partir da próxima semana.

Durante uma live no perfil da Univaja no Instagram, o assessor jurídico da entidade, Eliésio Morubo, ressaltou que a PF foi soberba, por ter assumido para si  todo o trabalho.

Para Eliésio, a forma da PF de fazer justiça era agradecer a quem foi imprescindível para dar um encaminhamento à localização dos dois desaparecidos. Apenas foram mencionados a Equipe de Vigilância da Univaja (EVU) e os policiais militares do 8º Batalhão em Tabatinga (AM) que, segundo Morubo, foram “verdadeiros parceiros de busca” ao atuarem desde o momento do aviso de desaparecimento e colaboraram com a proteção dos indígenas.

A Univaja destaca que foi trabalho dos indígenas o mapeamento do perímetro para ser vasculhado pelas autoridades. “Fomos nós, indígenas, através da EVU, que encontramos a área que, posteriormente, passou a ser alvo das investigações por parte de outras instâncias, como a Polícia Federal, o Exército, a Marinha, o Corpo de Bombeiros etc. Foi a equipe de vigilância da Univaja que entrou na floresta em busca de Pereira e Phillips para dar uma satisfação aos seus familiares”.

Novas providências

O representante jurídico da entidade prometeu que na próxima semana haverá novidades sobre o caso. Tanto a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) quanto a Univaja estão levando as denúncias a organismos internacionais, como o Tribunal Penal Internacional (TPI).

“Manifestamos nossa preocupação com nossas vidas, a vida das pessoas ameaçadas (pois não era somente o Bruno Pereira), componentes do movimento indígena, quando as forças armadas e a imprensa se deslocarem de Atalaia do Norte. O que acontecerá conosco? Continuaremos vivendo sob ameaças? Precisamos aprofundar e ampliar a investigação. Precisamos de fiscalização territorial efetiva no interior da Terra Indígena Vale do Javari. Precisamos que as Bases de Proteção Etnoambiental (BAPEs) da Funai sejam fortalecidas”, apelou.

Denúncia na Comissão Europeia

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) incide na política internacional para tentar criar barreiras para commodities produzidas de forma criminosa no território brasileiro, principalmente, por meio da invasão de territórios indígenas.

Nesta quinta-feira, 16, a delegação APIB e da Extinction Rebellion mobilizaram ato na Comissão Europeia para exigir que os parlamentares incluam as demandas dos povos indígenas na Lei de importação de commodities de risco florestal.

A nova lei busca criar sanções à produtos que promovem desmatamento ilegal e reivindicamos que todos os biomas do Brasil sejam incluídos, como uma resposta concreta à emergência climática e aos casos de violência que têm se multiplicado em nossos territórios, com o estímulo do governo brasileiro.

Lideranças do PT pedem justiça

Lideranças do Partido dos Trabalhadores (PT), parlamentares da Bancada do PT na Câmara e no Senado Federal estão mobilizados no acompanhamento das investigações sobre os assassinatos de Bruno e Dom.

O deputado José Ricardo (PT-AM) vai coordenar a comissão externa da Câmara para acompanhar o caso. “Dois suspeitos do crime estão presos e pode haver um 3º suspeito. Tudo precisa ser bem apurado, inclusive se teve mandante”, afirmou.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado, Humberto Costa (PT/PE), também enfatiza que é preciso novas apurações e que o duplo assassinato ainda está longe de ser elucidado.

Da Redação do PT Nacional, com informações do Correio Braziliense, PT Senado, PT Câmara e APIB

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