O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu na terça-feira (7), em Paris, o prêmio Félix Houphouët-Boigny concedido pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura). Presidido por Henry Kissinger, ex-secretário de Estado dos Estados Unidos, o júri premiou Lula “por sua atuação na promoção da paz e da igualdade de direitos”.
Apesar da importância do prêmio, o fato foi praticamente ignorado pela imprensa brasileira, conforme observou em seu*Blog o jornalista Ricardo Kotscho.
“Não é um premiozinho qualquer. Entre as 23 personalidades mundiais que receberam o prêmio até hoje _ anteriormente nenhum deles brasileiro _ , estão Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul, Yitzhak Rabin, ex-premiê israelense, Yasser Arafat, ex-presidente da Autoridade Nacional Palestina, e Jimmy Carter, ex-presidente dos Estados Unidos”, disse Kotscho.
O secretário-executivo do prêmio, Alioune Traoré lembrou durante a cerimônia na sede da Unesco que um terço dos vencedores anteriores ganhou depois o Prêmio Nobel da Paz. “ Pode-se imaginar no Brasil o trauma que isto causaria a certos setores políticos e da mídia caso o mesmo aconteça com Lula”, ressaltou Kotscho, que já foi secretário de imprensa da Presidência da república durante o governo Lula. “ Thaoré disse a Lula que, ao receber este prêmio, “o senhor assume novas responsabilidades na história”.
Mesmo com todos esses detalhes, os principais jornais paulista, Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo “ simplesmente ignoraram o fato em suas primeiras páginas. Dos três grandes jornais nacionais, apenas O Globo destacou a entrega do prêmio no alto da capa”, assinalou Kotscho.
“Para o Estadão, mais importante do que o prêmio recebido por Lula foi a manifestação de dois ativistas do Greenpeace que exibiram faixas conclamando Lula a salvar a Amazônia e o clima. “Ambientalistas protestam durante premiação de Lula”, foi o título da página A7 do Estadão”, escreveu o jornalista. “ O protesto do Greenpeace foi também o tema das únicas fotografias publicadas pela Folha e pelo Estadão. No final do texto, o Estadão registrou que Lula pediu desculpas aos jovens ativistas, retirados com truculência pela segurança, e “reverteu o constragimento a seu favor, sendo ovacionado pelo público que lotava o auditório”.
Na ocasião, o presidente Lula disse que “o alerta destes jovens vale para todos nós, porque a Amazônia tem que ser realmente preservada”. Lula foi aplaudido três vezes quando pediu o fim do embargo a Cuba e a criação do Estado palestino, e condenou o golpe em Honduras. “Sinto-me honrado de partilhar desta distinção. Recebo esse prêmio em nome das conquistas recentes do povo brasileiro”, afirmou Lula para os convidados das Nações Unidas.
Kotscho observou ainda que a honraria inédita concedida a um presidente brasileiro, motivo de orgulho para o país, também não mereceu constar da escalada de manchetes do Jornal Nacional. “A notícia da entrega do prêmio no principal telejornal noturno saiu ensanduichada entre declarações de Lula sobre a crise no Senado e o protesto do Greenpeace.”
“É verdade que ontem (terça-feira) foi o dia do grande show promovido nos funerais de Michael Jackson, mas também ganhou destaque na escalada e no noticiário a comemoração pelos quinze anos do Plano Real (tema tratado neste Balaio na semana passada) promovida no plenário do Senado, em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso aproveitou para atacar Lula”.
Ricardo Kotscho conclui que, diante da “manifesta má-vontade demonstrada pela imprensa neste episódio da cobertura da entrega do Prêmio da Unesco, dá para entender porque o governo Lula procura formas alternativas para se comunicar com a população fora da grande mídia. Muitas vezes, quando trabalhava no governo, e mesmo depois que saí, discordei dele nas críticas que fazia à atuação da imprensa, a ponto de dizer recentemente que não lia mais jornais porque lhe davam azia”.
“Exageros à parte, mesmo que esta atitude beligerante lhe cause mais prejuízos do que dividendos, na minha modesta opinião, o fato é que Lula não deixa de ter razão quando se queixa de uma tendência da nossa mídia de inverter a máxima de Rubens Ricupero, aquele que deu uma banana para os escrúpulos. “O que é bom a gente esconde, o que é ruim a gente divulga”, parece ser mesmo a postura de boa parte dos editores da nossa imprensa com um estranho gosto pelo noticiário negativo, priorizando as desgraças e minimizando as coisas boas que também acontecem no país.”
Mesmo com todos esses detalhes, os principais jornais paulista, Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo “ simplesmente ignoraram o fato em suas primeiras páginas. Dos três grandes jornais nacionais, apenas O Globo destacou a entrega do prêmio no alto da capa”, assinalou Kotscho.
“Para o Estadão, mais importante do que o prêmio recebido por Lula foi a manifestação de dois ativistas do Greenpeace que exibiram faixas conclamando Lula a salvar a Amazônia e o clima. “Ambientalistas protestam durante premiação de Lula”, foi o título da página A7 do Estadão”, escreveu o jornalista. “ O protesto do Greenpeace foi também o tema das únicas fotografias publicadas pela Folha e pelo Estadão. No final do texto, o Estadão registrou que Lula pediu desculpas aos jovens ativistas, retirados com truculência pela segurança, e “reverteu o constragimento a seu favor, sendo ovacionado pelo público que lotava o auditório”.
Na ocasião, o presidente Lula disse que “o alerta destes jovens vale para todos nós, porque a Amazônia tem que ser realmente preservada”. Lula foi aplaudido três vezes quando pediu o fim do embargo a Cuba e a criação do Estado palestino, e condenou o golpe em Honduras. “Sinto-me honrado de partilhar desta distinção. Recebo esse prêmio em nome das conquistas recentes do povo brasileiro”, afirmou Lula para os convidados das Nações Unidas.
Kotscho observou ainda que a honraria inédita concedida a um presidente brasileiro, motivo de orgulho para o país, também não mereceu constar da escalada de manchetes do Jornal Nacional. “A notícia da entrega do prêmio no principal telejornal noturno saiu ensanduichada entre declarações de Lula sobre a crise no Senado e o protesto do Greenpeace.”
“É verdade que ontem (terça-feira) foi o dia do grande show promovido nos funerais de Michael Jackson, mas também ganhou destaque na escalada e no noticiário a comemoração pelos quinze anos do Plano Real (tema tratado neste Balaio na semana passada) promovida no plenário do Senado, em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso aproveitou para atacar Lula”.
Ricardo Kotscho conclui que, diante da “manifesta má-vontade demonstrada pela imprensa neste episódio da cobertura da entrega do Prêmio da Unesco, dá para entender porque o governo Lula procura formas alternativas para se comunicar com a população fora da grande mídia. Muitas vezes, quando trabalhava no governo, e mesmo depois que saí, discordei dele nas críticas que fazia à atuação da imprensa, a ponto de dizer recentemente que não lia mais jornais porque lhe davam azia”.
“Exageros à parte, mesmo que esta atitude beligerante lhe cause mais prejuízos do que dividendos, na minha modesta opinião, o fato é que Lula não deixa de ter razão quando se queixa de uma tendência da nossa mídia de inverter a máxima de Rubens Ricupero, aquele que deu uma banana para os escrúpulos. “O que é bom a gente esconde, o que é ruim a gente divulga”, parece ser mesmo a postura de boa parte dos editores da nossa imprensa com um estranho gosto pelo noticiário negativo, priorizando as desgraças e minimizando as coisas boas que também acontecem no país.”
Equipe Informes