O deputado Reginaldo Lopes fala sobre a valorização e expansão da rede de Institutos Federais, na sua coluna no jornal O Tempo: “ocupar todo o nosso território com institutos técnicos, para que cada um deles reflita e se relacione com sua realidade, em cursos de acordo com o vetor econômico de cada região”.
Após seis anos de retrocessos, o Brasil vive uma fase de retomada dos projetos estruturantes interrompidos desde o golpe de 2016. O período de resistência vai dando lugar aos sonhos de construção de uma nação verdadeiramente democrática, justa e desenvolvida.
Esse clima de esperança marcou o relançamento da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Institutos Federais, na última quinta-feira (14).
Tenho a honra de ser o presidente da frente desde a sua fundação. Em um auditório lotado, estavam representantes de escolas de todas as regiões do país, junto com parlamentares e entidades sociais. É um grupo suprapartidário, organizado pelo Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) em parceria com o Congresso Nacional.
Tive a oportunidade de participar da elaboração da Lei 11.892, que instituiu a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Ela organizou em um só organismo as estruturas que atendem a uma média de 1,4 milhão de alunos, distribuídos em 633 unidades.
As escolas federais já existiam, mas foi graças a essa lei que se consolidou uma unidade e expansão da rede, que é um centro de excelência educacional. Assim, o Brasil criou um modelo para chamar de seu, verticalizado, da educação iniciada até o pós-doutorado.
O ensino profissionalizante é muito valorizado em todo o mundo, e por aqui nunca foi prioridade, até a criação da lei. Apesar dos esforços, o Brasil está bem abaixo da média mundial. O estudo Education at a Glance, publicado na semana passada, mostra que a taxa de alunos brasileiros nessa modalidade é de 11%. Considerando as 45 nações analisadas pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), estamos entre os cinco países com menor percentual de estudantes matriculados na educação profissional.
Por outro lado, nosso país tem um alto índice de jovens de 18 a 24 que nem estudam, nem trabalham, os chamados “nem-nem”. Com 24,4% fora da sala de aula e desempregados, estamos entre os seis maiores na lista dos 40 países com dados disponíveis.
Só nos resta o caminho de ocupar todo o nosso território com institutos técnicos, para que cada um deles reflita e se relacione com sua realidade, em cursos de acordo com o vetor econômico de cada região.
Trata-se de concentrar sua formação nas profissões do futuro, nos cursos 4.0, como: especialista em inteligência artificial; especialista em sustentabilidade; compromisso social e governança; analista de inteligência de negócio; analista de segurança da informação; engenheiro de fintech, no ramo financeiro; cientista de análise de dados; engenheiro de robótica; engenheiro de eletrotecnologia; operador de equipamentos agrícola; especialista em transformação digital; energias renováveis; engenheiro de programação.
Essas formações fundamentam-se no trabalho em tecnologia, o que vai ajudar o país a romper com a sina de exportador de matéria-prima. Ao ser reconduzido para presidir a Frente em Defesa dos Institutos Federais, reitero meu compromisso com essa rede, que acredito ser a principal saída para educação brasileira, que tem a vocação de transformar vidas.
Artigo publicado originalmente no jornal O TEMPO