O brasileiro que foi às ruas reclamar da corrupção certamente não esperava o (des)governo que aí está. Quem acordou no dia seguinte ao do afastamento da presidenta Dilma achando que tinha encontrado a solução para os seus problemas teve que enfrentar a realidade de mais gastos públicos, ameaças de cortes nos programas sociais, além de um ministério misógino e machista sob suspeita dos mais variados desvios éticos. Só de ministros afastados, foram três. O eleitor parece não ter gostado nem um pouco.
Pesquisa Ibope encomendada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgada nesta sexta-feira (1º), pouco menos de dois meses após a posse do (des)governo golpista, mostra que a boa parte dos entrevistados (44%) acredita que o governo interino está sendo igual ao eleito. Já para um em cada quatro entrevistados (25%), Temer faz um governo pior que Dilma. 8% não responderam.
Ou seja, aquele período de início de governo, em que o eleitor acredita no recém-eleito, simplesmente não aconteceu. Apenas 13% consideraram o governo ótimo ou bom. Esta foi a primeira pesquisa CNI/Ibope realizada após o afastamento da presidente Dilma Rousseff, em 12 de maio.
Considerando as respostas em todo o país, o governo Temer apresentou maior aprovação entre os mais ricos e maior rejeição entre os mais pobres. No recorte da pesquisa por renda, a aprovação tem seu maior índice entre as pessoas que ganham mais que cinco salários mínimos: 18% avaliaram a gestão interina como ótima ou boa. O maior índice de desaprovação está entre os que recebem até um salário mínimo: 42% avaliaram o governo como ruim ou péssimo.
Uma observação interessante: no Nordeste, área tradicionalmente desprezada pelas elites, a desaprovação do (des)governo é ainda maior. Na região, 44% avaliaram o governo interino como ruim ou péssimo, diferença acima da margem de erro de dois pontos percentuais quando comparada com a rejeição nas outras regiões do país. No Norte/Centro-Oeste (a pesquisa agrupa as duas regiões) a desaprovação foi de 35%; no Sudeste, 35%; e no Sul, 39%.
O gerente-executivo da Unidade de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca, avalia que a maior rejeição ao governo Temer no Nordeste é reflexo de Dilma ter historicamente um apoio político maior na região.
“No Nordeste é onde Dilma tinha maior aprovação. Aqueles eleitores continuam aprovando e se se consideram contra o impeachment, numa pesquisa ele [entrevistado] é contra o governo que entrou”, diz Fonseca.
O Ibope também perguntou se o entrevistado aprovava ou não a maneira de Temer governar: 53% disseram desaprovar e 31% afirmaram aprovar. Outros 16% disseram não saber ou não quiseram responder. Entre os ouvidos, 66% afirmaram não confiar no presidente interino. O percentual de pessoas que disseram confiar em Temer é de 27%. Outros 7% não souberam ou não quiseram responder.
Segundo o Ibope, a soma dos percentuais pode não igualar 100% por causa dos arredondamentos. Foram ouvidas 2.002 pessoas em 141 municípios. O grau de confiança da pesquisa é de 95%. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O levantamento foi feito de 24 a 27 de junho.
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