Um coronavírus ronda a pós-graduação no Brasil

César Lattes, um físico curitibano e, com certeza, um dos maiores cientistas brasileiros, visto que dá nome a plataforma do CNPq que abriga o currículo de todos os pesquisadores e cientistas de nosso país, certa vez, afirmou: “A ciência não pode prever o que vai acontecer. Só pode prever a probabilidade de algo acontecer”. Nos perguntamos, neste momento, qual probabilidade de eventos futuros instruiu, cientificamente, os trabalhos da presidência da CAPES, ao emitir a Portaria nº 34/2020, que reduz o número de bolsas de mestrado e doutorado em diferentes programas e áreas do conhecimento pelo país?

A justificativa, aparentemente ancorada em dados objetivos, é privilegiar programas de pós-graduação de excelência, pois, nestes estariam concentradas as pesquisas mais relevantes. Poderíamos discutir a miopia social desta medida, mas vamos apenas nos concentrar na total ausência de lógica formal entre ato e consequência.

Se o objetivo é valorizar a excelência, como diz a presidência da CAPES, podemos olhar para alguns casos de Programas de Pós-Graduação, com notas 6 e 7, considerados de excelência, o programa da PUC/RS perde 11 bolsas de doutorado, da UFPR perde 15 bolsas de mestrado e 14 de doutorado, e a PUC/RJ perde seis bolsas de doutorado. Entre programas nota 7, também da área de Educação, o programa da UFMG perde oito bolsas de mestrado e 17 de doutorado. Sabemos que os dados de uma única área é uma limitação para pensar racionalmente a política, mas é impossível pensarmos o todo, quando a CAPES sonega os dados gerais. A CAPES precisa divulgar e debater esses dados, antes de tomar uma decisão monocrática.

Quando estamos diante de um governo que se nega a reconhecer evidências científicas, como a presente pandemia da Covid-19, provocada pelo coronavírus; é preciso perguntar a quem serve a CAPES, quando atua de maneira confusa e pouco transparente, provocando o caos no sistema de financiamento da pós-graduação. Ou formulando a questão de outra maneira. Se nenhuma instituição é capaz de vir a público defender a Portaria 34/2020 – e várias instituições científicas se posicionaram contrariamente -, isso significaria que os reais objetivos a serem alcançados não podem ser confessados a luz do dia?

A presidência da CAPES deve representar a comunidade científica nacional, em outras palavras defender a produção da ciência em nosso país. Sem um sistema consistente e estável de financiamento – e isto inclui ampliação de bolsas e não sua redução – a probabilidade futura é o total sucateamento da pós-graduação em ritmo exponencial, como uma pandemia. É hora da presidência da CAPES atender ao apelo e revogar a Portaria 34/2020, para retomar a construção de probabilidades virtuosas para a área.

Ao contrário, passará a história como o coronavírus que destruiu a pós- graduação no Brasil.

Zeca Dirceu é deputado federal (PT-PR)

Marcos Ferraz é professor do Programa de Pós-graduação em Educação e Diretor do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná

Está gostando do conteúdo? Compartilhe!

Postagens recentes

CADASTRE-SE PARA RECEBER MAIS INFORMAÇÕES DO PT NA CÂMARA

Veja Também

Jaya9

Mostbet

MCW

Jeetwin

Babu88

Nagad88

Betvisa

Marvelbet

Baji999

Jeetbuzz

Mostplay

Melbet

Betjili

Six6s

Krikya

Glory Casino

Betjee

Jita Ace

Crickex

Winbdt

PBC88

R777

Jitawin

Khela88

Bhaggo

jaya9

mcw

jeetwin

nagad88

betvisa

marvelbet

baji999

jeetbuzz

crickex

https://smoke.pl/wp-includes/depo10/

Depo 10 Bonus 10

Slot Bet 100

Depo 10 Bonus 10

Garansi Kekalahan 100