O réu Eduardo Cunha foi o responsável pela formação de uma aliança orgânica entre três segmentos de parlamentares que representam os interesses mais retrógrados e reacionários da sociedade brasileira. A hoje chamada “Bancada BBB” – do Boi, da Bíblia e da Bala – sempre atuou de forma fragmentada, mas, a partir da articulação conduzida por Cunha, ruralistas, fundamentalistas religiosos e policiais e/ou militares passaram a atuar como um bloco coeso e orgânico em todos os espaços da Câmara.
O trabalho de Cunha para unir as três bancadas começou por volta de 2011, no primeiro ano do governo Dilma Rousseff e de uma Câmara bastante conservadora eleita nas urnas em 2010.
O resultado do trabalho de Cunha no âmbito legislativo foi a aprovação ou o rápido avanço da tramitação de projetos conservadores e de pautas específicas dos setores da bancada BBB, como o novo Código Florestal, a proposta de redução da maioridade penal e inúmeras medidas do chamado “populismo penal” nas questões de segurança pública, entre outras.
No contexto mais amplo, porém, o trabalho de Cunha fez um estrago muito maior: com os partidos e parlamentares da “bancada BBB” fortalecidos e atuando em conjunto, em 2014 foi eleita a Câmara dos Deputados mais conservadora da Nova República e talvez de toda a história do Parlamento brasileiro.
A cereja no bolo desse processo – ou seria uma “recompensa” pelos serviços prestados? – foi a eleição de Eduardo Cunha para presidir a Câmara, em fevereiro de 2015. O que aconteceu depois já se sabe.
PT na Câmara