Vários tiros atingiram na tarde desta terça-feira (27) dois ônibus da Caravana Lula entre os municípios Quedas do Iguaçu e Laranjeiras do Sul, no Paraná – único estado de todos os já percorridos pela comitiva que não forneceu escolta policial à comitiva. As características do crime demonstram evidentemente se tratar de um atentado planejado por grupo criminoso para atingir diretamente o ex-presidente Lula. Foi o que denunciou o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), e a presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores, senadora Gleisi Hoffmann (PR), durante entrevista coletiva.
“Isso é extremamente grave. Trata-se de um atentado político criminoso, de uma organização que persegue a caravana desde o início, sem nenhum tipo de ação objetiva por parte das autoridades que são responsáveis por responder pela segurança pública e pela integridade dessa caravana”, afirmou Pimenta. “A caravana foi vítima de uma emboscada, podemos dizer isso claramente”, apontou Gleisi. “Isso não é manifestação pacífica e democrática. Isso não é disputa política, é atentado, é violência, é ódio. É assim que vamos tratar a política no Brasil agora?”, questionou a senadora.
Pimenta mostrou as evidências que confirmam se tratar de um atentado planejado, já que pouco antes dos tiros os responsáveis pela emboscada jogaram na estrada “miguelitos” – objetos pontiagudos de ferro – para furar os pneus dos ônibus e diminuir a velocidade dos veículos. “E quem atirou fez isso com a intenção de acertar, e acertar a figura do presidente Lula ou de qualquer outra pessoa que faz parte da caravana. O ônibus atingido foi o dos integrantes da impressa nacional e internacional que acompanham a caravana”, relatou. Tiros também acertaram o ônibus de convidados da comitiva.
“Os grandes jornais hoje – alguns deles – estão dizendo que isso sempre ocorreu, que se trata de ser [politicamente] favorável ou não. Nós não estamos tratando disso, estamos tratando de uma organização criminosa, em que algumas pessoas acompanham a caravana desde Bagé (RS). Não tem uma pessoa identificada pelas autoridades, não tem um carro cujas placas tenham sido identificadas. Há um silencio absoluto”, denunciou Pimenta.
O líder petista disse ainda que, logo após o atentado, comunicou o episódio ao ministro Raul Jungmann, da Segurança Pública. “A responsabilidade da integridade física das pessoas dessa caravana do presidente Lula é de responsabilidade das autoridades. Temos uma viagem longa até Curitiba, e um ato amanhã em Curitiba”, reforçou.
De forma semelhante, Gleisi também cobrou uma postura das autoridades, no sentido de garantir a segurança da caravana. “Mandamos um ofício ao ministro com o roteiro por onde nós íamos passar, pedindo apoio da segurança. Mandamos também as informações ao governo do Paraná, falamos com o Comando da PM. Todo o mundo está sabendo. Mas o fato é que não temos proteção”, lamentou.
Diante da gravidade dos fatos, a senadora reforçou também a necessidade de manifestação das autoridades acerca do assunto. “Qual é a manifestação do ministro da Segurança Pública, do ministro da Justiça, da própria Presidência da República, dos presidentes da Câmara e do Senado, das autoridades judiciais, do governo do estado do Paraná? Vamos deixar a política se transformar nisso? Vai virar um bangue-bangue? As pessoas vão atirar umas nas outras?”
O presidente Lula também demonstrou sua preocupação e indignação com o episódio. “O que eu estou vendo agora é quase o surgimento do nazismo. O que estamos vendo agora não é política, porque, se quisessem derrotar o PT, iriam para as urnas. Se eles acham que fazendo isso vão nos assustar, estão enganados. Vai nos motivar. Não podemos permitir que depois do nazismo esses grupos fascistas possam fazer o quiser. Esperamos que quem está no governo estadual e federal, seja golpista ou não, assuma a responsabilidade”, disse.
PT na Câmara