No dia em que o Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), aponta que mais de 9 milhões de brasileiros caíram, em 2015, para abaixo da linha de pobreza (US$ 5,50 per capita por dia ou R$ 387,07 mensais), em decorrência da deterioração do emprego e da renda, o presidente ilegítimo Michel Temer afirma, em evento do PMDB nesta segunda-feira (18), que seu governo ousou “fazer uma revolução na política administrativa e econômica do nosso país”.
De acordo com os dados, dos 9 milhões de brasileiros, 5,4 milhões se enquadram no critério do Banco Mundial para extrema pobreza. Vivem com menos de US$ 1,90 por dia ou R$ 133,72 por mês. As informações, publicadas pelo Valor Econômico, são baseadas na Síntese de Indicadores Sociais, documento elaborado pelo IBGE a partir da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).
Mas Temer discursa para tentar construir a retórica da vítima. Primeiro, ele e seus aliados dizem que foram vítimas da ação da Procuradoria-Geral da República (PGR), que ao denunciá-lo por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, estava tentando “derrubar o governo”. Segundo, diz que a oposição o ataca, enquanto encaminha projetos que retira direitos consagrados como foi feito com a Reforma Trabalhista e a proposta de mudança da Previdência.
Diferentemente do discurso, a realidade dos fatos evidencia que não se trata de retórica da oposição a acusação de golpe contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff que levou Temer ao poder. Diversos flagrantes, como a gravação de Romero Jucá, na qual falou em “estancar a sangria”, demonstraram aos brasileiros as manobras e articulações da sua base aliada.
Ele mesmo confessou, em entrevista na Band, que o impeachment de Dilma aconteceu porque ela e o PT se recusaram a participar de um pacto para salvar a pele do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), ou seja, Temer admitiu que houve desvio de finalidade e que o impeachment nada teve a ver com as tais pedaladas fiscais.
Não é à toa que Temer tem rejeição recorde e 87,4% dos brasileiros não se sentem representados por ele, segundo pesquisa.
Previdência – Derrotado na tentativa de votar a Reforma da Previdência ainda este ano, Temer disse estar convicto de que a proposta será aprovada. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse em entrevista à Folha de S. Paulo neste domingo (17), que se não aprovar em fevereiro, o governo pode esquecer a reforma.
Temer também resolveu falar sobre eleições. Disse que quem for candidato à Presidência da República e se propuser a fazer um governo de reformas, terá marcado na sua campanha a tese do PMDB.
“Quem for candidato a presidente e dizer que vai continuar ou que terá um governo também de reformas, estará cravando na sua campanha eleitoral a tese do acerto do nosso governo. E estará gravado governo Michel Temer no programa que vai ser estabelecido para o futuro por nós, que ousamos fazer uma revolução na política administrativa e econômica do nosso País”, declarou.
Do site Vermelho