Taxa de desemprego cai e confirma retomada do crescimento da economia brasileira

A taxa de desemprego em cinco regiões metropolitanas e no Distrito Federal caiu em junho, passando de 15,3% para 14,8% da População Economicamente Ativa, depois de cinco meses sem redução. Isso significou 112 mil pessoas a menos no contingente de desempregados, estimado em 2,984 milhões de trabalhadores. O nível de ocupação apresentou variação positiva pelo terceiro mês seguido, com 0,4%, o que representa a criação de 75 mil postos de trabalho. No mesmo período, 38 mil pessoas desistiram de procurar emprego.

Os dados fazem parte da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) para a Região Metropolitana de São Paulo e para o conjunto de regiões acompanhadas pelo Sistema PED (Distrito Federal, Salvador, Recife, Porto Alegre, Belo Horizonte e São Paulo), divulgada hoje (29) pelo Departamento Intersindical e Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) e Fundação Seade.

A notícia coincide com estudos de bancos e consultorias que mostram a recessão técnica como coisa do passado recente e que o Brasil iniciou a retomada do crescimento. Apesar da recuperação ainda lenta, o reaquecimento deve-se não só à melhoria da demanda externa. É creditada sobretudo aos pacotes do governo e às sucessivas quedas dos juros, que abriram a janela para a retomada de crédito e o consumo das famílias, conforme sublinha matéria publicada nesta quarta-feira pelo Jornal do Brasil..

Os economistas têm atribuído a reação à própria atuação do governo Lula, que desde a eclosão da crise nos Estados Unidos, em setembro passado, passou a adotar uma série de medidas para blindar o Brasil dos efeitos da turbulência internacional. Exemplos são inúmeros, como o incremento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a criação do Programa de habitação Minha Casa, Minha Vida.

Muitos economistas e banqueiros não acreditavam na recuperação brasileira depois da crise financeira internacional, mas, aos poucos, têm mudado de opinião. Segundo especialistas, o país iniciou uma retomada no início do segundo trimestre deste ano e deve crescer cerca de 2% em relação aos primeiros três meses de 2009.

A economista da Tendências Consultoria, Marcela Prada, por exemplo, diz que o comércio brasileiro já recuperou o patamar pré-crise e prevê alta de 0,3% de abril a maio deste ano. O ritmo positivo do varejo no período deve-se ao corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos, materiais de construção civil e eletrodomésticos e a retomada de crédito no mercado, em função das sucessivas quedas de juros.

O economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio, Carlos Thadeu de Freitas, é um dos que atribuem a queda da desaceleração da massa salarial à alta do consumo. A estabilidade dos salários, nesse caso, só foi possível por causa da queda dos preços. ” Não há dúvida que a economia está em ascendência. O Produto Interno Bruto (PIB) deve fechar entre 0 e 1% neste ano. O que é excelente diante do cenário internacional”, analisou. A projeção dos especialistas é de que em 2010 a economia brasileira cresça acima de 4%.

A outra explicação para o bom posicionamento do país diante do colapso econômico, que muitos consideram ser o pior desde a crise de 1929, é a menor abertura do Brasil ao mercado externo e o fato de mais da metade das exportações brasileiras ser de commodities.

Os piores efeitos da turbulência já não estão mais presentes na economia brasileira, de acordo com Leonardo Mello, analista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Um deles é a redução dos estoques das indústrias. O economista conta que o estoque de veículos já acabou e que os de bens intermediários – que envolvem os setores de metalurgia e siderurgia – estão próximos do fim.

A melhora da demanda externa é outro fator citado como importante para a recuperação da economia. ” As vendas externas do Brasil aumentaram por causa da melhora na pauta de exportações da China, que consome matérias-primas e investe em infraestrutura”, disse Mello ao Jornal do Brasil.

A estabilidade no mercado de trabalho também é mencionada como responsável pelo aquecimento da economia brasileira, com a manutenção dos empregos mostrando que o empresariado retomou confiança nos mercados interno e externo.

DIFICULDADES– Ainda há dois setores que demonstram dificuldade de recuperação: investimento e indústria. Na verdade, “um puxa o outro”, ressalta o analista do Ipea. A tese é de que, como as indústrias ainda estão se desfazendo dos estoques, há folga na capacidade produtiva do segmento. Com isso, o setor não investe em infraestrutura e na captação de mão de obra.

Segundo o economista do IPEA, as indústrias devem voltar a investir no segundo semestre com a recuperação da demanda externa. Mas a capacidade de investimento só vai voltar aos níveis pré-crise em 2010.

Os setores industriais que ainda sentem os efeitos da crise são o de bens de capital (máquinas e equipamentos), que já registrou queda de 60%, mas recuperou 10 pontos percentuais no segundo trimestre, e o complexo automobilístico (autopeças e pneus), que está se recuperando em função do corte do IPI, mas chegou a cair 35% no auge da turbulência. Dentre os que menos sentiram os impactos estão a indústria de alimentos (queda de 4%) e o setor de serviços (-2%), segundo o professor da Unicamp, Júlio Gomes de Almeida.

Apesar de projetar crescimento de 1,7% do PIB no segundo trimestre, o diretor de Pesquisa e Estudos Econômicos do Bradesco, Octavio de Barros, prevê contração de 0,5% da economia neste ano, em função do resultado ruim dos primeiros três meses de 2009. O Itaú estima alta de 2,3% em maio.

TAXA DE DESEMPREGO– A pesquisa do Dieese e da Fundação Seade mostra que , à exceção de Belo Horizonte, que manteve a taxa estável em 11%, houve queda da taxa de desemprego em todas as demais regiões pesquisadas, com maior diminuição em Recife, que passou de 20,4% em maio para 19,4% em junho. Em Porto Alegre a taxa passou de 12,6% para 12%, em Recife, de 17% para 16,4%, em Salvador, de 21,6% para 21,3 e em São Paulo, de 14,8% para 14,2%

O comércio liderou na oferta de vagas, com a 80 mil postos de trabalho, o que significou aumento de 3%. O segmento de serviços foi o segundo, com 22 mil vagas, ou 0,2% acima de maio. A indústria cortou 25 mil ocupações, o que representou queda de 1% do total e a construção civil demitiu 9 mil trabalhadores, queda de 0,9%.

O rendimento médio do trabalhadores em maio caiu 1,2%, passando para R$ 1.276 para os assalariados e R$ 1.199 para o conjunto de trabalhadores ocupados, ou seja com ou sem carteira assinada.

Equipe Informes, com informações do Jornal do Brasil e da Agência Brasil

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