Suspeitos do 8 de Janeiro: Mauro Cid, Élcio Franco e Ailton Barros

Foto: Divulgação

Ajudante de ordens, conselheiro, defensor e espécie de faz-tudo de Jair Bolsonaro, o tenente coronel Mauro Cid ficou nacionalmente conhecido como o servidor do Palácio do Planalto que tentou recuperar para o chefe joias sauditas milionárias retidas pela Receita Federal.

A lista de malfeitos do militar a serviço do ex-presidente, no entanto, é muito mais extensa e muito mais grave. Após prender Cid na operação que investigava fraudes em cartões de vacinação, em maio de 2023, a Polícia Federal encontrou em seu celular provas de que um golpe de Estado foi tramado dentro do Palácio do Planalto no fim do governo Bolsonaro.

A primeira evidência que veio à tona foram mensagens trocadas entre o ajudante de ordens e o ex-major do Exército Ailton Barros, amigo do ex-presidente que costumava se apresentar como o 01 de Bolsonaro.

Nas conversas, Barros descrevia um plano que incluía pressionar o então comandante do Exército, general Freire Gomes, a apoiar o golpe e previa a prisão do presidente do TSE e ministro do STF, Alexandre de Moraes.

Dias depois, novas mensagens encontradas no celular de Cid revelaram outra tramoia golpista, esta envolvendo também o coronel Élcio Franco. Número dois do Ministério da Saúde durante a gestão de Eduardo Pazuello, Franco foi envolvido num escândalo de compra superfaturada de vacinas e, depois, foi para a Casa Civil, onde se tornou assessor direto do general Braga Netto, candidato a vice-presidente de Bolsonaro em 2022.  

Na conversa descoberta pela PF, da qual Ailton Barros também participou, Franco defendeu abertamente um golpe militar, mesmo que, para isso, fosse necessário passar por cima da autoridade do comandante do Exército, acionando o Batalhão de Operações Especiais da Força.

E, em 7 de junho, veio a público que o celular de Mauro Cid também continha uma minuta de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) pronta para que Bolsonaro convocasse as Forcas Armadas, além de estudos que buscavam justificar juridicamente um golpe para manter o ex-capitão do poder mesmo após ser derrotado nas eleições.

Enquanto isso, Bolsonaro insuflava os golpistas

Ou seja, há provas irrefutáveis de que um golpe de Estado foi tramado pelo ajudante de ordens de Bolsonaro, pelo assessor especial do candidato a vice de Bolsonaro e pelo amigo de Bolsonaro. Vale lembrar que, enquanto tudo isso ocorria, Bolsonaro e Braga Netto insuflavam os golpistas.

O general candidato a vice foi ao cercadinho do Palácio da Alvorada dizer que os golpistas não podiam desanimar. “Fica firme, tem que dar um tempo”, disse. Já Bolsonaro, além de não reconhecer a derrota nas eleições, em sua primeira manifestação após o segundo turno voltou a lançar dúvidas sobre as eleições e demonstrou apoio aos que bloqueavam estradas e acampavam em frente aos quartéis. 

O 8 de Janeiro foi apenas o resultado da ação de sujeitos que não respeitam a vontade popular e que, graças a financiadores e a um verdadeiro ecossistema de desinformação, fizeram surgir no Brasil uma massa de golpistas que realizaram o maior ataque à democracia do país desde o fim da ditadura militar. Que paguem todos por esse crime inaceitável.

PTNacional

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