Mais uma situação que o ex-candidato à Presidência da República e senador Aécio Neves (PSDB-MG) terá que explicar acerca de irregularidades financeiras de sua campanha em 2014. O tucano precisará responder por qual motivo o seu partido tinha dois tesoureiros, um de fato e outro de direito. Muito embora o ex-ministro José Gregori (ex-secretário Nacional de Direitos Humanos e ex-ministro da Justiça de FHC) tenha se apresentado no pleito do ano passado como tesoureiro, quem aparece oficialmente como ocupante da função é Frederico Pacheco de Medeiros, primo de Aécio.
Na prestação de contas apresentada pelo PSDB ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sobre as quais recaem suspeitas de irregularidades em 15 itens, o nome que consta como “administrador financeiro” responsável é Frederico Pacheco, que até janeiro de 2015 ocupava o cargo de diretor de Gestão Empresarial da Cemig, a companhia de eletricidade do governo de Minas Gerais. Segundo informações da Rede Brasil Atual, publicadas nesta segunda-feira (7), o primo de Aécio já participava do governo mineiro desde 2003, quando o ex-presidenciável assumiu seu primeiro mandato como governador. Pacheco foi secretário-adjunto de governo e secretário-geral de Aécio.
Para o deputado Adelmo Leão (PT-MG), o conjunto da obra sobre as finanças da campanha presidencial tucana é grave, não apenas no que se refere à questão dos tesoureiros, mas, sobretudo, acerca das irregularidades já apontadas. “O que a gente tem insistido com as instâncias responsáveis por analisar as contas de campanha é que não se pode tratar com pesos e medidas diferentes situações semelhantes. Ou seja, condenando alguns e protegendo outros, omitindo situações e fatos”, argumentou o parlamentar.
No mês passado, a ministra Maria Thereza de Assis Moura, relatora da prestação de contas da campanha de Aécio no TSE, pediu explicações sobre 15 itens com supostas irregularidades detectadas. Entre elas, está o não registro de transferência de Aécio para o PSDB de uma doação de R$ 2 milhões da Odebrecht – uma das empresas investigadas na Operação Lava Jato. “O comitê financeiro nacional para presidente da República do PSDB registrou em sua prestação de contas o recebimento de doação de R$ 2 milhões, efetuada pelo candidato, no entanto, não há o registro da transferência na prestação de contas”, destaca o relatório da Justiça Eleitoral.
Adelmo Leão ressaltou a necessidade de, juntamente com a investigação dos pontos suspeitos de irregularidades, o TSE se debruçar sobre a constatação de haver um titular do cargo de tesoureiro e outra pessoa que efetivamente desempenhava a função. “É mais um fato que cabe aos órgãos de Estado analisar nas contas dos tucanos”, reforçou.
Ao rol de suspeitas que envolvem as finanças tucanas, soma-se a documentação complementar enviada pela Polícia Federal na semana passada ao Supremo Tribunal Federal (STF) com o objetivo de dar prosseguimento às investigações que têm como foco o senador e ex-governador mineiro e também senador Antonio Anastasia (PSDB-MG). Segundo os dados da PF, uma nova testemunha – servidora do governo mineiro na Secretaria de Planejamento – trouxe elementos que podem relacionar uma remessa de dinheiro do doleiro Alberto Youssef, delator da Lava Jato, ao tucano Anastasia.
PT na Câmara com Rede Brasil Atual
Foto: Gustavo Bezerra
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