Solla: Bolsonaro é o maior responsável pela sexta colocação mundial do Brasil em mortes e casos confirmados de coronavírus

O deputado Jorge Solla (PT-BA) afirmou nesta quarta-feira (13) que o presidente Jair Bolsonaro é o principal responsável pelo crescimento descontrolado do coronavírus no Brasil, que já coloca o País na sexta posição mundial em mortes (12.703) e em casos confirmados da doença (mais de 182 mil). Segundo ele, o mau exemplo do presidente, que sabota o isolamento social defendido por especialistas e pela Organização Mundial da Saúde como forma de reduzir a velocidade do contágio, aliado à falta de ação do governo para mitigar os efeitos da pandemia, podem levar o Brasil a um cenário catastrófico nos próximos meses.

Foto: Gabriel Paiva

“Aqui no Brasil, apesar de o STF ter reconhecido a autonomia de estados e municípios, o poder do presidente da República é muito grande. Quando não há uma ordem uníssona do poder público, acontece o que estamos vendo: mesmo onde já foi decretado um lockdown, um isolamento mais rigoroso, a população não está cumprindo, porque o presidente diz todos os dias para as pessoas irem às ruas”, lamentou.

O Brasil agora só perde em número de mortes pela Covid-19 da Espanha (27,2 mil), França (27,4 mil), Itália (31,2 mil), Reino Unido (33,6 mil) e EUA (85,2 mil mortes). Já em relação aos casos de coronavírus fica atrás apenas da Itália (223,4 mil casos), Espanha (230,5 mil), Reino Unido (233,4 mil), Rússia (252 mil) e Estados Unidos (1,43 milhão de casos).

Especialistas advertem que, como não há testagem em massa no Brasil, não é possível afirmar com certeza o número de infectados. Como a testagem no País é muito baixa, e prioriza apenas os pacientes graves que precisam ser internados, o número de subnotificações é elevado. Cientistas estimam que o número de infectados pode ser 10 a 15 vezes maior do que o dado oficial divulgado pelo governo.

Para evitar uma tragédia em um futuro próximo, Jorge Solla adverte que o Brasil precisa adotar um isolamento rigoroso, para evitar o colapso no Sistema Único de Saúde (SUS).

“Agora a situação é extremamente grave. Se a gente não quiser contar centenas de milhares de mortos, é preciso ampliar o rigor do isolamento. A nossa curva tem que começar a descer imediatamente. Se com apenas 2 milhões de infectados, temos 13 mil mortos e o SUS estrangulado na maioria das capitais, imagina quando chegarmos a 10, 20, 50 milhões de brasileiros infectados. É um desastre que podemos evitar agora, levando o isolamento à sério”, advertiu.

O parlamentar baiano disse ainda que o Brasil precisa “se alinhar aos esforços internacionais de compartilhamento de tecnologia para a produção da vacina, liderado pela OMS, que a estupidez de Bolsonaro nos fez ignorar”. Ele também ressaltou que o governo Bolsonaro precisa ampliar a produção nacional de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), respiradores e exames, mas também comprar de forma emergencial esses insumos no exterior.

Ele lembrou que no dia 12 de fevereiro, participou de uma reunião no Ministério da Saúde cobrando novos leitos de UTI, EPIs e exames. De acordo com Solla, após três meses dessa reunião praticamente nada foi feito.

“A compra de 15 mil respiradores no exterior foi cancelada e optou-se por uma solução nacional, que não tem capacidade de entregar no curto prazo, que só entregou 487 até hoje, e que tem uma capacidade de entregar 200 por mês. É insuficiente. Nos EPIs e exames, a mesma omissão. Brasil é o país que menos testa no planeta entre os que mais tem casos. Nos hospitais faltam EPIs, o ministério teve tempo pra fazer uma reconversão industrial, resolver a produção nacional, e nada foi feito”, acusou.

Outro caminho

Para comprovar que o governo brasileiro poderia ter adotado outro caminho no combate ao novo coronavírus, e assim ter reduzido o número de casos e de mortes, o deputado Jorge Solla citou como exemplo a Argentina, país vizinho ao Brasil.

“Tivemos os primeiros casos mais ou menos na mesma época. A Argentina fez uma quarentena rígida, com a liderança do presidente Alberto Fernandez, e teve até o momento 319 mortes. Nós temos quase 13 mil, só ontem foram mais 881. A Argentina, com o nível de transmissão que tem hoje, com a realização de exames consegue rastrear os casos. Ontem começou a flexibilizar o isolamento, aos poucos, mantendo uma série de restrições. No fim, terá preservado muito mais vidas e terá um impacto econômico muito menor”, explicou.

Héber Carvalho

 

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