Agressões de Elon Musk a ministro do STF obtiveram alto grau de impulsionamento. Pesquisadora da UFRJ denuncia manobra do bilionário em confronto com Justiça brasileira;
Levantamento feito pelo Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais (Netlab), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), revela que os recentes ataques direcionados pelo bilionário Elon Musk ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, na rede X, foram incrementados pelo amplo uso de robôs.
“Desenvolvemos um classificador baseado em inteligência artificial que identifica contas inautênticas. Observamos que Musk usa a plataforma dele para anabolizar o debate desde o primeiro dia do confronto digital com a Justiça brasileira”, denuncia Marie Santini, fundadora e coordenadora do Netlab.
As agressões proferidas por Musk contra Moraes obtiveram alto grau de engajamento (1,33 conexões por conta), de acordo com a pesquisa do laboratório da UFRJ. O discurso contrário ao dono do X, por outro lado, conseguiu menos compartilhamentos (1,19 conexões por conta), apesar de dispor de mais perfis autênticos em seu favor.
O Netlab mapeou 90 mil posts, entre 18 e 19 de abril, dias em que o sul-africano confrontou a Justiça brasileira. Decisões de Moraes que derrubaram perfis no X estão no centro do embate com Musk, que chegou a ameaçar não cumprir as ordens judiciais. Por isso, o empresário se tornou alvo de dois inquéritos no STF.
Violação da soberania
A quantidade superior de contas falsas no apoio a Musk, aponta o Netlab, pode estar por trás do alto engajamento do embate digital nas redes sociais. Santini ressalta que 41% das contas não autênticas realizaram publicações em inglês. Na avaliação da pesquisadora, “estão ali para manipular o debate”.
“Quando decidiu que iria comprar o Twitter, Musk bateu muito na tecla de que a rede tinha robôs demais para tentar baixar o valor da compra. O empresário disse que iria eliminar esse cenário, mas não é o que está acontecendo. Obviamente, ele está usando a possibilidade em prol de si, para se promover e avançar suas pautas”, criticou a acadêmica.
Da Redação da Agência PT, com O Globo