O líder do PT na Câmara, Elvino Bohn Gass (RS), destacou hoje (29) que diante de novas denúncias de corrupção praticada pelo governo Bolsonaro é inadiável a abertura do processo de impeachment do presidente da República. Ele lembrou que o governo Bolsonaro tinha a “marca de genocida e agora tem também a de corrupto, porque faz maracutaias com dinheiro público na compra de vacinas”.
O parlamentar se referiu ao escândalo da compra superfaturada da vacina indiana Covaxin revelado na última semana pelo deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) e pelo servidor do Ministério da Saúde, Luís Ricardo, à CPI da Covid, do Senado.
Bohn Gass frisou a importância do superpedido de impeachment que será protocolado nesta quarta-feira (30) na Câmara, aglutinando os crimes de Bolsonaro citados em 120 outros pedidos de afastamento do presidente da República.
Elaborado pela Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), o pedido tem como signatários parlamentares de diferentes correntes políticas, entidades representativas da sociedade e personalidades.
Lista de crimes de Bolsonaro
“E esta é a questão de ordem neste momento: esta Casa, como Poder independente, não pode se furtar de abrir um processo de impeachment”, disse Bohn Gass. “E é exatamente esse debate que nós precisamos fazer”, completou.
Ele lembrou que no próximo sábado (3), em todas as regiões brasileiras, haverá manifestações em defesa do impeachment de Bolsonaro, na sequência de outras megamanifestações realizadas em 29 de maio e 19 de junho.
Para ele, escândalos e crimes cometidos por Bolsonaro há de sobra para justificar o impeachment. Além do superfaturamento das vacinas, citou as rachadinhas da família Bolsonaro, o apoio do governo a atividades criminosas de madeireiros e garimpeiros na Amazônia.
Assassinato em massa
Ele disse que a Câmara precisa se posicionar urgentemente diante dos crimes de Bolsonaro. “ Nós vivemos em um País onde há meio milhão de pessoas mortas por Covid-19, e essas mortes poderiam ter sido evitadas, mas a vacina não foi arrumada.”, comentou Bohn Gass.
O líder do PT recordou que houve aglomerações intencionalmente provocadas pelo presidente da República, faltaram a testagem em massa e recursos para o atendimento às pessoas com Covid-19, configurando um assassinato em massa da população. “ Um presidente genocida, porque essas mortes poderiam ter sido evitadas”, enfatizou.
Bohn Gass acusou o presidente de extrema direita de omitir-se na compra de vacinas que estavam no mercado- como as da China e da Rússia- e empenhar-se especialmente na compra da Covaxin, num esquema agora denunciado como fraudulento.
“ Não fez nenhum empenho para que as vacinas produzidas no mundo viessem para cá. Mas ele fez um empenho especial para que a vacina indiana chegasse aqui”, comentou.
O parlamentar explicou que o empenho especial de Bolsonaro ocorreu simplesmente porque havia uma empresa – a Precisa e outra ligada a ela, a Global – para intermediar a negociação, embora já houvesse denúncias contra ela por fraudes contra o próprio Ministério da Saúde. A empresa pediu antecipação de US$ 45 milhões ( cerca de R$ 225 milhões) para ser depositado em paraíso fiscal. Bohn Gass questionou se esse seria o valor da propina por conta do contrato que alcançaria R$ 1,6 bilhão.
Líder do Governo e maracutaias
Bohn Gass afirmou que é “extremamente grave” a denúncia do deputado Miranda de que o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR) está ligado diretamente ao esquema criminoso. O pior, alertou o líder, é que o deputado Miranda disse que o próprio Bolsonaro citou o nome de Barros e não tomou nenhuma providência para suspender o negócio e apurar as irregularidades.
“Portanto, o presidente sabia, não fez nada e manteve o líder do Governo no cargo, com a suspeita de participação dessa fraude no superfaturamento das vacinas indianas”, pontuou o líder do PT.
Bohn Gass sublinhou que além dessa fraude, há denúncia sobre outra operação de compra de vacinas, desta vez da China, envolvendo valores quatro vezes maiores, num total de R$ 5,2 bilhões, igualmente com a participação de empresas “com vínculos identificados ao líder do Governo na Câmara”
“Temos então, praticamente, R$ 7 bilhões em recursos da população brasileira sob suspeita de fraude de corrupção”, denunciou Bohn Gass. Ele observou que na Câmara o deputado Ricardo Barros patrocinou emenda em projeto de lei para que pudesse ter uma antecipação de recursos sem ter a vacina ter chegado ao Brasil. O PT foi contra a emenda porque “já cheirava fraude e corrupção”, contou o parlamentar.
Para Bohn Gass, a Câmara não deve votar nenhum projeto, enquanto Ricardo Barros for líder do governo, já que é suspeito de participação em fraudes.
Redação PT na Câmara