Nesta quarta-feira (29), um acidente com dois caminhões que transportavam gados matou vários animais no estado. Deputada estadual Sofia Cavedon (PT-RS) preparou projeto de lei para banir a prática.
O Setorial Nacional de Direitos Animais do Partido dos Trabalhadores (PT), parlamentares e ativistas protestam e denunciam a exportação de gado vivo no Rio Grande do Sul. Os atos públicos em Porto Alegre e Rio Grande são contra o embarque de pelo menos 20 mil bezerros vivos para o Egito, em uma viagem de aproximadamente 20 dias.
Na madrugada desta quarta-feira, 29, um acidente com dois caminhões que transportavam gados vivos matou vários animais e feriu tantos outros, que precisaram ser sacrificados.
A deputada estadual Sofia Cavedon (PT-RS), preparou um projeto de lei para banir a prática no Estado.
“Sujeitar animais a uma viagem de 20 dias em alto mar, sem qualquer conforto térmico, em local insalubre, fétido, sem espaço para locomoção, é uma tortura que fere os animais não humanos e a Constituição brasileira, que proíbe o maus-tratos aos animais. Estamos num patamar civilizatório em que o sofrimento animal injustificado não é mais tolerado pela sociedade”, ressalta.
A presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), também se manifestou em suas redes sociais com uma nota de repúdio contra a exortação de gado vivo. Veja no link abaixo:
De acordo com a coordenadora Nacional do Setorial de Direitos Animais do PT, Vanessa Negrini, exportar animais vivos é cruel e péssimo negócio para o Brasil.
“Na contramão de boa parte do mundo, o Brasil segue exportando gado vivo, para atender a interesses de pequena parcela de pecuaristas que deseja lucrar com base na tortura e sofrimento animal. No entanto, é o país quem perde empregos, arrecadação de impostos e arca com os prejuízos ambientais e riscos pandêmicos”, destaca.
Potencial pandêmico
O presidente do PT do Rio Grande do Sul, deputado federal Paulo Pimenta, afirmou que o partido estará uníssono para aprovação deste projeto no Estado. A preocupação com o potencial pandêmico da atividade está entre as preocupações do PT.
“Com a Covid-19, um número crescente de países está limitando ou eliminando totalmente a prática do transporte de animais vivos. Não podemos brincar com a vida das pessoas e dos animais. Os epidemiologistas da Organização para Alimentos e Agricultura da ONU estão entre os maiores críticos da exportação de animais vivos por favorecer a propagação de doenças”, justifica.
Deputado Pimenta. Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados
Ação judicial
Uma ação judicial relativa ao embarque de cerca de 11 mil bezerros no navio Elevation, que chegou ao Porto de Rio Grande no dia 18 de novembro, foi ajuizada pelas ONGs Princípio Animal e Mercy For Animals.
Preocupadas com o bem-estar dos animais, as duas organizações e o Fórum Animal monitoram a movimentação de navios que transportam animais vivos e acionam o poder judiciário com o objetivo de suspender os embarques.
Outros grupos de ativistas também atuam pelos direitos dos animais. Desde 2012, quando o ritmo das exportações acelerou, o Brasil exportou em média 400 mil bois vivos por ano. O principal destino dos animais é o Oriente Médio, onde eles costumam ser abatidos de forma brutal após uma longa e árdua viagem de mais de 20 dias em meio a fezes, urina e temperaturas elevadas.
NOTA DE REPÚDIO CONTRA A RETOMADA DA EXPORTAÇÃO DE GADO VIVO NO RIO GRANDE DO SUL
O Setorial de Direitos Animais do PT vem a público manifestar seu repúdio pela retomada da exportação de gado vivo no Rio Grande do Sul, marcada para ocorrer no dia 25 de dezembro, em pleno Natal, e conclama que parlamentares e dirigentes do Partido se manifestem contra esta atividade que é cruel e viola os direitos animais, é prejudicial a economia brasileira, e acarreta risco ambientais e pandêmicos.
Na contramão de boa parte do mundo, o Brasil segue exportando gado vivo, para atender a interesses de pequena parcela de pecuaristas que deseja lucrar com a tortura e sofrimento animal. A exportação de gado vivo não é taxada, ela não gera riqueza para o país. A operação também não gera emprego no Brasil, mas nos países compradores, onde o abate é feito.
Mantidos em confinamento em dois estabelecimentos de pré-embarque, localizados em Rio Grande e Cristal, 20 mil bezerros serão enviados vivos para o Egito no maior navio boiadeiro do mundo. A viagem deverá durar até 20 dias em alto mar, com lotação de 23 bois dividindo 21 metros quadrados. Mergulhados em fezes, vômito e urina, amontoados uns em cima dos outros, num ambiente insalubre, fétido, sem espaço para locomoção, sem conforto térmico, esses animais enfrentarão um longo calvário até a morte, que ocorrerá em processo sem qualquer tipo de insensibilização, conforme previsto nas leis brasileiras.
Brasília-DF, 23 de dezembro de 2021.
Vanessa Negrini
Coordenadora Nacional do Setorial Nacional de Direitos Animais do PT
Marcelle Nogueira Toscani
Coordenadora Estadual do Setorial de Direitos Animais do PT-RS
PT Nacional, com informações do Brasil de Fato e Sul 21
