Respeito e oportunidade. Essas foram as duas principais reinvindicações ouvidas no plenário da Câmara, na sexta-feira (23), durante a Sessão Solene em Homenagem ao Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência – comemorado em 21 de setembro – e presidida pela idealizadora da reunião, a deputada Erika Kokay (PT-DF). Em meio a apresentações musicais e de dança, vários representantes de entidades e profissionais que trabalham com a promoção de direitos desse segmento da população relataram as dificuldades e também histórias de superação das pessoas com deficiência.
O convidado mais aguardado da reunião, o atleta brasiliense paralímpico Aloisio Lima- ganhador da medalha de bronze no tênis de mesa em equipe para cadeirantes na Rio 2016 – foi recebido com aplausos pelos participantes da Sessão Solene. Ao falar dos jogos, ele disse que o maior legado que a participação brasileira na competição pode deixar é o respeito da população pelas pessoas com deficiência.
“Quando ganhamos a última partida contra a Eslováquia, que nos garantiu a medalha de bronze, a arena veio abaixo. Fui comemorar com a torcida e vi um menino chorando copiosamente de emoção. Tenho certeza que esse menino, no futuro, vai olhar as pessoas com deficiência com outros olhos. Esse será o maior legado das nossas paralimpíadas”, disse emocionado.
Ao homenagear o atleta, a deputada Erika Kokay destacou que o orgulho e o respeito que todo País sentiu com as vitórias que garantiram o recorde de medalhas obtido pelo Brasil (72 no total), e que precisam também servir de estímulo para garantir os direitos negados às pessoas com deficiência.
“Que o orgulho que sentimos dos nossos atletas, possamos sentir todos os dias, ao lutarmos para garantir a mobilidade e acessibilidade a todas as pessoas com deficiência e incluirmos todos em políticas públicas para a superação de toda a discriminação e o preconceito”, afirmou.
Como forma de garantir esses direitos, Erika Kokay disse que vai propor uma audiência pública para debater com a sociedade e representantes do governo federal uma pauta de reinvindicações das entidades que defendem as pessoas com deficiência.
A parlamentar citou como base da discussão a carta assinada por dezenas de entidades- e lançada no Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência- que, entre outros pontos, exige o fim das barreiras urbanísticas e arquitetônicas, e acessibilidade em edifícios públicos e privados, no transporte, nas comunicações e o fim das barreiras tecnológicas que prejudicam os deficientes.
Como exemplo da dificuldade enfrentada pelos deficientes auditivos, o representante da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos, Felipe Trigueiro, destacou pela Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) que até mesmo o acesso à informação para o exercício do direito ao voto é dificultado.
“Nessa campanha eleitoral, por exemplo, as janelas onde aparecem os intérpretes são muito pequenas, e muitas vezes eles não são capacitados para traduzir a informação. Isso atrapalha a compreensão”, reclamou.
Apresentações– Além dos discursos, a Sessão Solene também contou com apresentações musicais e de dança, que emocionaram os presentes. Esses foram os casos da apresentação de Luma Cavalcante, que cantou em italiano a música tema do espetáculo do Cirque du Soleil, Alegria. Também arrancaram aplausos do público a performance do grupo Rodas da Dança, projeto de extensão da faculdade de educação Física da UnB. Na primeira apresentação três jovens e uma cadeirante dançaram a música “Whisky a Go Go” (Roupa Nova), enquanto na outra um casal (a jovem cadeirante), dançou a música “Não tô valendo”, da dupla sertaneja Henrique e Juliano.
Também participaram da audiência pública o presidente da Associação Brasiliense dos Deficientes Visuais, Flávio Luiz Silva; Jéssica Figueiredo, da Associação Brasileira de Síndrome de Down; e Sueid Miranda, do Instituto Cultural, Educacional e Profissionalizante de Pessoas com Deficiência do Brasil (Icep Brasil).
Heber Carvallho