Centenas de militantes, parlamentares e dirigentes do PT participaram nesta segunda-feira (24) da abertura do seminário “Estratégias para a Economia Brasileira”, que visa debater temas como o desenvolvimento, a soberania e a inclusão social no País. O evento contou com a presença do presidente nacional do PT, Rui Falcão, dos líderes das bancadas na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP), e no Senado, senadora Gleisi Hoffman (PR), e dos líderes da minoria na Câmara, José Guimarães (CE) e no Senado, senador Humberto Costa (PE). O seminário é uma realização conjunta das bancadas do PT na Câmara, no Senado, e da Fundação Perseu Abramo. O ex-presidente Lula também será palestrante no encerramento do evento.
Durante a saudação oficial aos participantes do evento, Carlos Zarattini e Gleisi Hoffman destacaram que, além de propor uma alternativa econômica à política recessiva implementada por Michel Temer, o evento também visa propor soluções para a retomada do crescimento econômico com distribuição de renda.
“Não podemos deixar prosperar a visão de que o ajuste fiscal resolve os problemas do país. Não achamos possível desenvolver um país com mais de 200 milhões de pessoas aceitando essa visão tacanha”, destacou Zarattini.
Já a líder do PT no Senado, senadora Gleisi Hoffman, disse que após 13 anos de governo o Partido dos Trabalhadores possui experiência para propor soluções ao País.
“Esse é o começo da nossa caminhada para construirmos uma estratégia de desenvolvimento inclusivo e soberano, a exemplo do que já ocorreu nos últimos 13 anos de governo de Lula e Dilma, e que mudou a vida dos brasileiros. Temos condições de avançarmos ainda mais”, ressaltou.
Na primeira mesa de debates, especialistas da área econômica debateram os instrumentos de desenvolvimento para a indústria brasileira. Para a professora do Instituto de Economia da Universidade Federal de Uberlândia, Vanessa Petrelli, a participação do Estado é fundamental para o setor.
“Temos que desmistificar o discurso de que o crescimento econômico nos últimos 13 anos foi baseado apenas no consumo. O investimento cresceu mais que o consumo por conta da ação das estatais como a Petrobras e da União, Estados e municípios e dos financiamentos dos bancos públicos, como o BNDES”, afirmou.
Especificamente sobre a Petrobras, o ex-presidente da companhia nos governos de Lula e Dilma, José Sérgio Gabrielli, lembrou a importância que a empresa teve nos governos do PT e os ataques que atualmente sofre com a política de desnacionalização do governo de Temer.
“A Petrobras, com apoio do BNDES, era âncora no processo de desenvolvimento da cadeia produtiva do setor de óleo e gás, e que chegou a gerar um milhão de postos de trabalho anualmente com investimentos da ordem de US$ 40 bilhões. Hoje, esta ação está sendo desmontada com a retirada da política de conteúdo nacional, a saída da Petrobras do setor de gás- com a venda do controle de gasodutos- e o abandono da política de refino no Brasil”, disse.
Já o professor de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp), Fernando Sarti, alertou que o discurso de abertura indiscriminada do Brasil à participação do capital estrangeiro pode fragilizar ainda mais a indústria nacional.
“A compra acelerada de indústrias brasileiras por estrangeiras aponta que estamos em um processo de desnacionalização da nossa indústria. E sem indústria forte não há desenvolvimento, soberania e inclusão social”, alertou.
Héber Carvalho
Foto: Gustavo Bezerra
Mais fotos: www.flickr.com/photos/ptnacamara