Movimentos sociais do campo, técnicos do governo e até mesmo representantes do agronegócio concluíram durante debate realizado nessa terça-feira (20), na Câmara, que a agricultura brasileira deve caminhar para a adoção de novas práticas sustentáveis no combate às pragas nas lavouras. O tema foi discutido no seminário “O uso de tecnologias de controle biológico na agricultura e o manejo integrado de pragas”, realizado na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, por iniciativa do presidente do colegiado, deputado Nilto Tatto (PT-SP).
Durante o debate, representantes da Contag e do MST criticaram o uso excessivo de agrotóxicos nas lavouras brasileiras. Eles lembraram que as duas entidades apoiam um modelo de produção sustentável.
“Desde 1998 o Brasil lidera o consumo de venenos no mundo. Segundo o ministério da Saúde, de 2011 a 2015 foram mais de 56 mil casos de intoxicação por uso de agrotóxicos. Por isso defendemos uma forma alternativa de produção sustentável, não um modelo que usa o veneno para produzir mais, destruindo o meio ambiente e o ser humano”, ressaltou Leia Oliveira, assessora da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).
Ao também defender o uso de tecnologias sustentáveis de combate a pragas, a agrônoma e coordenadora do MST, Carla Bueno, lembrou que “o Brasil ainda usa 22 tipos de agrotóxicos banidos pela União Europeia”. Ela condenou ainda o projeto de lei 3200/15, do deputado Covatti Filho (PP-RS), que flexibiliza a regulamentação do uso de agrotóxicos.
No debate a Contag e o MST também defenderam a aprovação do projeto de lei 6670/16, que Institui a Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (PNARA), como forma de reduzir o uso de agrotóxicos. Nesse sentido, o vice-presidente da Associação Brasileira de Empresas de Controle Biológico (ABCBio), Ari Gitz, ressaltou que “a produção de alimentos saudáveis e com menos resíduos químicos é o futuro da agricultura”.
Nesse sentido a coordenadora Geral de vigilância em Saúde Ambiental do Ministério da Saúde, Thaís Cavendish, e o Pesquisador em Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Luís Cláudio Meirelles, reconheceram “os riscos do uso de agrotóxicos para a saúde de trabalhadores rurais e do restante da população”.
Agronegócio– Os representantes do agronegócio presentes ao seminário reconheceram que o combate às pragas, sem o uso de agrotóxicos, é a tendência do futuro. Porém, alegaram que o alto custo impede a adoção imediata das novas tecnologias.
“O custo é alto, mas sabemos dos problemas de intoxicação e danos ao meio ambiente causado pelos agrotóxicos”, reconheceu o consultor técnico da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Reginaldo Minaré.
Para o deputado Nilto Tatto, mais do que o custo atual, a adoção de novas tecnologias deve levar em conta os prejuízos atuais e futuros do uso de agrotóxicos. “É preciso colocar na balança não apenas o lucro que se obtém com a produção atual com agrotóxicos, mas também os custos do Estado com assistência à saúde das pessoas intoxicadas e com os prejuízos ao meio ambiente”, observou.
O deputado Leonardo Monteiro (PT-MG) também participou do seminário.
Héber Carvalho