Sem medo de ser mãe – Gabriel Guimarães *

GABRIEL Artigo“Em casa que falta pão todos brigam e ninguém tem razão”.

Verdade? Talvez.

Minha versão: “Em casa onde há aflição, todos brigam e cada um tem sua razão”.

Ou tem muitas, diferente e boas razões…

Que tipo de aflição?

A pior delas, a dor profunda, física ou moral.

Exemplo no Brasil: aqui, estima-se, ocorrem cerca de um milhão de abortos induzidos por ano! Nada menos do que um terço dos nascimentos vivos no mesmo período.

Baita aflição social e pessoal. Baita polêmica entre pessoas que desejam o bem para a mulher brasileira, todos com suas diferentes e boas razões.

O regente embate entre legítimos segmentos religiosos e a ministra Eleonora Menicucci a respeito de como tratar a questão do aborto é um retrato daquele aforismo: cada lado com suas diferentes e justificadas razões.

Neste Dia da Mulher prefiro uma outra reflexão: por que não se buscar algumas iniciativas que unissem a todos, governo e sociedade civil, para minimizar tão ampliado problema?

Inicialmente é forçoso reconhecer duas verdades. A primeira é que o aborto já é legalizado no Brasil, em certos casos e circunstâncias. A ampliação de suas possibilidades é uma responsabilidade do Legislativo que se vier a ocorrer será em prazo mais largo e após profundos debates enquanto milhões de mulheres continuarão sofrendo nas práticas clandestinas.

A segunda verdade é que ninguém pode desejar ou gostar do aborto. Duvido que alguém engravide só para abortar. Então, por que tantos praticam? Por que tantas entendem que com o aborto estariam evitando um mal maior? Algo está errado nessa história. Ser mãe não pode ser um mal, um perigo, sequer um desconforto.

Que se abra o debate dos limites do aborto legal, mas, sobretudo, se desencadeie imediatamente uma campanha pelo direito irrestrito de ser mãe e em adequadas condições físicas, econômicas e psicológicas. Que a gravidez seja bem-vinda e bem vista seja em que circunstância for. Que haja campanha educativa de prevenção da gravidez, mas também a de apoio à gravidez, de proteção à grávida contra palavras e atitudes discriminatórias ou ofensivas em qualquer circunstância, inclusive, do trabalho e em família.

Que se discuta a possibilidade do parto anônimo, da implantação da creche precoce e imediata para quem assim desejar, a adoção antecipada e programada, também anônima, e a criação da bolsa maternidade, da gratuidade do enxoval para os bebês e de todas as formas de se defender a maternidade. Que o direito amplo e irrestrito de ser mãe, em condições ótimas, inclusive para o filho, seja na prática uma conquista no Brasil.

Que se garanta uma natalidade saudável, uma gravidez aceita e festejada em toda e qualquer circunstância, o apoio governamental, social e familiar ao novo ser que vem à luz e que a sua mãe, que nunca poderá se sentir só, discriminada, abandonada e sem meios para garantir suas existências dignas. Quem condena o aborto não pode discriminar a grávida ou seu filho. Quem defende a ampliação do aborto legal tem que antes defender que haja condições para que jamais seja ele requerido. Que este seja o presente da mulher no seu dia: uma campanha pelo direito de ser mãe, pelo direito de ser amada, admirada e acolhida por ser grávida e vir a ser mãe, pelo direito de bem nascer e bem existir.

Gabriel Guimarães Deputado Federal (PT-MG)

Está gostando do conteúdo? Compartilhe!

Postagens recentes

CADASTRE-SE PARA RECEBER MAIS INFORMAÇÕES DO PT NA CÂMARA

Veja Também