Sem o fim dos oligopólios não pode haver democracia no Brasil, diz Franklin Martins

A necessidade de se democratizar os meios de comunicação e combater os oligopólios do setor, a importância de se regular o uso de dados pessoais por empresas de internet sem desresponsabilizar o Estado e o papel estratégico da comunicação para a sociedade foram o centro do debate que abriu o ato político da Conferência Nacional #LulaLivre: Vencer a Batalha da Comunicação desta sexta-feira (13).

O jornalista e ex-ministro da Comunicação Social Franklin Martins, a coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, Renata Mielli e a coordenadora do Intervozes, Bia Barbosa compuseram o painel de discussão.

Franklin Martins destacou que sem o fim dos oligopólios não pode haver democracia no Brasil. Para ele, a questão da democratização dos meios de comunicação é vital para as democracias. “Se tem uma coisa que de alguma maneira pode se chamar de positiva nesse golpe, é que escancarou essa questão”, afirmou.

Para o ex-ministro, “o povo brasileiro sofreu uma grande derrota com o golpe e este é um momento de pensar. O golpe não veio pelos nossos erros. Veio pelos nossos acertos”.

“Os governos inclusivos democráticos desmontaram a ideia de que os pobres eram um peso. Ao contrário. Eles mostraram que quando se governa para todos você passa a ter no povo uma energia fundamental.”

“Estes 13 anos destruíram o discurso da direita. Foram os acertos que motivaram o golpe porque eles perceberam que não tinham como enfrentar mais no discurso. A direita não tem discurso porque não tem plano de governo.”

Mas o golpe também triunfou por causa dos nossos erros. Ele triunfou e ocupou uma cadeira vazia. Nós convivemos docemente com os oligopólios da comunicação. E foi o oligopólio que organizou e deu narrativa ao golpe. Eles suspenderam a programação para transmitir uma queda de governo˜.

Fake news – Bia Barbosa falou do debate sobre regulação de uso dos dados pessoais e liberdade de expressão na rede. Falou sobre o perigo de se combater as fake news com iniciativas que responsabilizem apenas as empresas ou que permitam a censura.

“A gente usa a internet para fazer a contra-narrativa, mas a internet como a gente conheceu está ameaçada”, destacou Bia. “Para começar, tem 40% da população pobre fora dessa ferramenta”.

Ela lembrou que “o governo Temer quer excluir o poder público da responsabilidade dos dados fornecidos na internet. Temos que lembrar que o Estado tem todos os nossos dados. Então temos que pensar o quanto é fundamental a luta para que o Estado também respeite as regras”.

“Outro ponto que a gente tem negligenciado é a liberdade de expressão nas redes. Vamos lembrar da emenda  de um deputado, que quase foi sancionada, que queria obrigar a retirada imediata de dados na internet para supostamente combater a fake news. A gente precisa enfrentar o debate das notícias falsas, mas a gente não pode entrar no discurso da direita que combate é transferir para as plataformas a responsabilidade sobre o conteúdo. A direita está dando essa alternativa fácil e a esquerda não pode cair nestas armadilhas.”

Direito – Renata Mielli destacou que falta compreensão do papel estratégico da comunicação para a sociedade, não só para os governos. “É preciso discutir a comunicação como um direito, não como um entretenimento que apenas assisto cansado após o trabalho. As pessoas não entendem que deveriam ter mecanismos de se defender de programas que atentam aos direitos humanos. É compreender a que a comunicação é disputa simbólica da sociedade que queremos construir”.

Segundo Mielli, “democratização da comunicação não é uma proclamação, é uma agenda política de luta”. “Não é só a questão da democratização da comunicação como um slogan a ser propagado. A democratização é disputa simbólica do que queremos construir”.

“Nós nunca fizemos a disputa simbólica do que significava as politicas sociais. As pessoas pensavam que o ProUni era coisa de Deus, depois do esforço pessoal e por ultimo fruto de um plano de governo.”

Segue neste sábado (14) a Conferência Nacional de Comunicação #Lulalivre, que tem como objetivo potencializar a comunicação em um cenário de retirada de direitos, da implantação da agenda neoliberal do golpe e de perseguição, não só de parte do Judiciário, mas também pela grande imprensa, ao ex-presidente Lula.

 

Confira a seguir a programação da Conferência neste sábado:

 

9h – Debate: Democracia e Comunicação

Marilena Chauí (Filósofa/USP)

Juarez Guimarães (Cientista político/UFMG)

14h – Salas Temáticas simultâneas

  1. Redes Sociais

Bianca Santana (jornalista, professora e colunista da Revista Cult)

José Chrispiniano (Instituto Lula)

Otávio Antunes (Agência PT)

 

  1. Audiovisual

Iolanda Depizzol (Jornalistas Livres)

Tarcísio Secoli (TVT)

Tata Amaral (cineasta)

 

  1. Rádio

Bia Pasqualino (Radioagencia Brasil de Fato)

Jerry de Oliveira (Movimento de Rádios Comunitárias)

Paulo Salvador (Rádio Brasil Atual)

 

  1. Jornalismo

João Feres (Manchetômetro (IESP/UERJ)

Joana Tavares (Brasil de Fato)

Roni Barbosa (CUT)

Tereza Cruvinel (jornalista e fundadora da Empresa Brasil de Comunicação – EBC)

 

17h – Encerramento

Local: Holiday Inn Anhembi R. Prof. Milton Rodrigues, 100 – Parque Anhembi, São Paulo – SP

Mais informações ligue para (11) 3243-1313

 

Da Agência PT de Notícias

Foto: Rogério Tomaz

 

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