Política de Campos Neto, indicado de Bolsonaro ao Banco Central, asfixia economia ao frear consumo e produção e elevar recuperação judicial de empresas;
Mais duas consequências da nefasta política de juros altos do Banco Central, presidido pelo bolsonarista Roberto Campos Neto. A restrição de crédito tanto para consumidores quanto de micro e pequenas indústrias, um dos setores que mais geram emprego no Brasil.
Pesquisa da Serasa Experian aponta que o Brasil sofreu a maior queda histórica de pedidos de consumidores por crédito desde 2008, quando a empresa passou a acompanhar esse indicador. Apenas no primeiro semestre deste ano, esse índice caiu -12,5%.
O recuo ocorreu em todas as faixas de renda dos brasileiros, mas os mais pobres foram os mais atingidos. Para quem ganha até R$ 500, a redução foi de -14,4%. De R$ 500 a R$ 1 mil, -13,8%; de R$ 1 mil a R$ 2 mil, -11,5%; de R$ 2 mil a R$ 5 mil, -10,6%; de R$ 5 mil a R$ 10 mil, -10% e acima de R$ 10 mil, -9,5%.
O levantamento da empresa que atua em monitoramento e negociação de dívidas foi realizado por estados. Nesse caso, o com maior redução foi o Amapá, com -25% e o menor Santa Catarina (-5,80%). Veja a tabela completa abaixo.
Nem durante a pandemia a retração do crédito foi tão drástica. E o motivo é simples, na ocasião, a taxa básica de juros era quase sete vezes menor que a praticada pelo Banco Central de Campo Neto neste ano (13,75%). Em dezembro de 2020, a Selic estava em 2% ao ano.
A esse cenário desestimulador soma-se a recusa de crédito para 46% das micro e pequenas indústrias, consequência da Selic de 13,75% ao ano, segundo dados do Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias de São Paulo (Simpi).
A pesquisa Simpi/Datafolha mostra que, entre os bimestres de fevereiro/março e abril/maio, cresceu de 11% para 17% o número de consultas na tentativa de obtenção de crédito, porém, efetivamente, cerca de 46% das empresas tiveram seus pedidos de crédito rejeitados. Para 39% dos entrevistados, o principal problema para concessão de recurso é o alto patamar da Selic.
Os juros altos sufocam as empresas em duas pontas: ao ser consequência de aumento de pedido de recuperação judicial e em negativas de instituições financeiras a pedidos de crédito do setor. A isso se soma restrição também de crédito a consumidores e a elevação de inadimplência.
Segundo o presidente do Simpi, Joseph Couri, a raiz do problema é alta taxa de juros; mantida por Campo Netos à revelia do cenário econômico que há meses indica queda da inflação sem a consequente redução da Selic.
“O mote principal deste cenário difícil é, indiscutivelmente, a taxa de juros. Porque quando se toma o empréstimo do dinheiro, não é 13,75%. Isso é só o valor referencial da Selic. Na prática, qualquer financiamento está começando em 20%, 30%. Se cair num cartão de crédito é mais de 400%”, diz Couri.
Confira a demanda de crédito para consumidor por estado
Amapá: -25%
Rio de Janeiro: -22,5%
Alagoas: -21,5%
Rio Grande do Norte: -17,6%
Piauí: -16,8%
Bahia: -16,4%
Ceará: -15,9%
Pernambuco: -15,6%
Roraima: – 15,5%
Pará: -15,2%
Paraíba: – 14,9%
Distrito Federal: -14,8%
Goiás: -14,5%
Sergipe: -14,2%
Mato Grosso do Sul: -14,1%
Maranhão: -13,3%
Minas Gerais: -12,4%
Amazonas: -10,7%
Espírito Santo: -10%
Rondônia: -9,8%
Paraná: -9,7%
Tocantins: -9,3%
São Paulo: -8,4%
Rio Grande do Sul: -6%
Santa Catarina: -5,8%
* Fonte: Serasa Experian
Da Redação da Agência PT