“Quando vi a barbaridade que fizeram com a Marielle, pensei: é preciso ser muito ignorante pra achar que matar uma vereadora, uma mãe de 38 anos, poderia aquietar a sociedade brasileira que luta por direitos humanos. Hoje as ideias da Marielle ecoam e tomaram o Brasil inteiro. Ela morreu, mas todo mundo agora é um pouquinho Marielle”. Com essas palavras o ex-presidente Lula abriu sua fala no ato em Defesa das Democracias na cidade de Salvador (BA) – um evento marcado pela resistência contra o golpe e de crítica aos retrocessos impostos a toda América Latina após o avanço neoliberal no continente sul-americano.
“Eles têm que responder por que uma criança está indo dormir sem tomar leite. Eu sei o que eles querem comigo. Eu sei o que eles querem com o PT e com a esquerda. Eles não vão vencer”, afirmou Lula, durante o discurso a uma plateia formada por milhares de participantes do Fórum no estádio do Pituaçu. “Agora nós vemos aumentar a violência contra a juventude das periferias desse país e eles fazendo intervenção. Pra resolver o problema da segurança eles precisam primeiro gerar emprego e renda”, criticou.
Ao lado de Manuel Zelaya, ex-presidente de Honduras, Lula recordou que foi justamente no país da América Central que a onda de golpes, que mais a frente atingiria o Brasil, teve início. “Eles não querem uma América Latina desenvolvida. É por essas coisas que nós estamos sofrendo. Por isso que derrubaram o Zelaya, a Dilma, o Lugo. Por isso que perseguem a Cristina. Porque nós queremos criar uma nação soberana”, destacou.
Lula apontou ainda a cruzada jurídica que tem como objetivo impedi-lo de concorrer às eleições em outubro e afirmou estar amparado pela consciência política do povo brasileiro. “Não adianta me perseguir. Não adianta tentar me impedir de ser candidato. Vocês têm que ter medo é dos milhões de Lulas. Querem me prender? Eu falarei pela voz de vocês”, declarou.
FSM – Esta foi a quarta participação de Lula no Fórum Social Mundial. Mais cedo, o ex-presidente participou do Encontro Parlamentar Internacional, que reuniu diversas lideranças estrangeiras contra o golpe no Brasil e em defesa de sua candidatura.
Também durante o Fórum em Salvador foi lançado o Comitê de Solidariedade Internacional em Defesa de Lula e da Democracia no Brasil.
Foto: Ricardo Stuckert