A comissão de Seguridade Social e Família da Câmara (CSSF) fez, na terça-feira (10), um seminário para discutir os avanços no tratamento da endometriose. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Endometriose, cerca de sete a dez milhões de brasileiras sofrem com a doença. A doença é uma afecção inflamatória provocada por células do endométrio que, em vez de serem expelidas, seguem no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, se multiplicam e a sangram.
A endometriose pode ser assintomática. Mas alguns sintomas merecem atenção, como a cólica menstrual que, com a evolução da doença, aumenta de intensidade e pode incapacitar as mulheres de exercerem suas atividades habituais; dor durante as relações sexuais; dor e sangramento intestinais e urinários durante a menstruação; infertilidade.
A CSSF é presidida pelo deputado Amauri Teixeira (PT-BA). Para Amauri, a iniciativa da comissão contempla uma agenda voltada para a mulher iniciada em março. Para o deputado, essas discussões beneficiam toda a sociedade. “Estamos avançando nas questões tanto da legislação como da saúde da mulher. A bancada feminina enviou os projetos que devem ser apreciados com temas como violência contra a mulher, saúde e previdência”, destaca Amauri.
Alexandre Roso coordena um grupo recém-criado na CSSF para tratar do tema. O seminário foi proposto para ampliar o debate sobre o problema e reunir sugestões de políticas públicas mais eficazes no combate ao mal. “Entendemos que hoje as mulheres, além da dificuldade de fazer o tratamento, têm dificuldade de fazer o próprio diagnóstico da doença. Então, esta é a importância da discussão da endometriose dentro do Congresso Nacional para que ele possa produzir políticas públicas para combater essa doença” explica.
O parlamentar alerta também que a endometriose compromete a qualidade de vida da mulher no ambiente familiar e no profissional. As fortes dores causadas pela doença obrigam muitas vezes a mulher a faltar ao trabalho, além de alterarem sensivelmente seu estado de humor e comprometerem seu convívio social.
Maurício Abrão, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Endometriose, considera a endometriose um problema de saúde pública. Ele afirma que a doença é a principal causa de infertilidade e falta ao trabalho. Ele também calcula que cerca de 176 milhões de mulheres, no mundo inteiro, têm endometriose. “O diagnóstico precoce é fundamental. Mas isso infelizmente não acontece. Temos avanços no diagnóstico por imagem, o ultrassom, mas não esta disponível no SUS ou fora dos grandes centros. Além disso, o tempo médio entre começo dos sintomas e diagnóstico é de sete anos. O quadro fica mais complicado ainda”, destaca o médico. Ele afirma também que hoje os gastos com tratamento da endometriose se equiparam aos com o diabetes.
O especialista sugere formas para enfrentar o problema: capacitação dos agentes de saúde e de radiologistas para o diagnóstico, a criação de centros de referência e a revisão do protocolo para atuação terapêutica. Quando a mulher já teve os filhos que desejava, a remoção dos ovários e útero.
O chefe do Setor de Endoscopia, Ginecológica e Endometriose do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Santa Casa de São Paulo, Paulo Ayroza Ribeiro, destaca que os hospitais mantidos pelos SUS não conseguem tratar a endometriose corretamente por causa da falta de recursos, que não paga cirurgias para a doença.
Assessoria CSSF