No momento em que a capacidade de pagamento das famílias cresce, e a economia volta a se aquecer, Roberto Campos Neto, o bolsonarista que preside o Banco Central, trama mais uma sabotagem contra o governo Lula e qualquer chance de melhora na vida do povo. Desta vez, o sabujo do sistema financeiro, articulado com os grandes bancos, quer acabar com o parcelamento sem juros no cartão de crédito, utilizado por 75% dos brasileiros (Datafolha), ou limitá-lo a apenas três vezes.
Nomeado por Jair Bolsonaro, e ainda no cargo graças à lei que deu autonomia ao BC, Campos Neto, sem qualquer preocupação com as dificuldades do dia a dia da população, diz que o parcelamento sem juros apresenta várias distorções. Também questiona se o modelo atual de consumo é sustentável e o mais saudável para a economia no futuro.
Durante entrevista organizada pelo site de notícias Jota, publicada na terça-feira (5), o bolsonarista disse que essa discussão é legítima, e a intenção nunca foi prejudicar o consumo no país. Mas, em uma das respostas, não conseguiu esconder que sua verdadeira preocupação é usar o poder do cargo para defender os interesses dos rentistas que lucram com a política de juros altos do próprio BC.
Assista à série Banco Central de Bolsonaro: o sabotador da economia
“Se eu vejo o consumo crescendo, se eu vejo o crédito expandindo e eu vejo que o crédito direto ao consumidor está parado, que é o parcelado com juros, e só tem o parcelado sem juros, a gente fica se perguntando: será que esse é o crescimento saudável que a gente quer ter daqui para frente?”, afirmou o economista, com a desfaçatez que lhe é peculiar.
No mesmo dia da entrevista, a presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), afirmou que, além de favorecer os interesses do rentismo, o objetivo de Campos Neto e dos bancos é limitar o poder de compra da população.
Pessoal, tá rolando uma forte pressão dos grandes bancos privados, apoiados por Campos Neto, pra acabar com as compras parceladas sem juros no cartão de crédito ou limitar a apenas três vezes. Altos juros e lucros enormes e ainda assim querem prejudicar o povo com essa ideia…
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) December 5, 2023
“Pessoal, tá rolando uma forte pressão dos grandes bancos privados, apoiados por Campos Neto, para acabar com as compras parceladas sem juros no cartão de crédito ou limitar a apenas três vezes. Altos juros e lucros enormes e ainda assim querem prejudicar o povo com essa ideia esdrúxula e cruel. Como o brasileiro mais pobre vai fazer? Isso só vai atrapalhar a economia e limitar o poder de compra da população. Venha conosco participar do movimento Parcelo Sim!”, disse a deputada, nas redes sociais.
Mobilização
Parcelo Sim! é o slogan da campanha lançada por 11 entidades ligadas ao varejo, em 21 de novembro, em defesa do parcelamento sem juros no cartão de crédito.
Ouça o Boletim da Rádio PT:
Os responsáveis pelo movimento afirmam que essa modalidade de pagamento é fundamental para o impulsionamento das vendas e o fortalecimento da atividade econômica – conforme a Confederação Nacional do Comércio (CNC), 90% dos varejistas usam o parcelamento sem juros.
A campanha acrescenta que esse tipo de pagamento é um dos maiores aliados dos consumidores brasileiros nas compras, seja de bens duráveis, como os eletrodomésticos, seja de itens essenciais do dia a dia, como alimentos e medicamentos.
O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) também foi às redes sociais para tratar do assunto. “O Congresso Nacional já decidiu. O presidente Lula já decidiu. Nós não vamos permitir que os grandes bancos privados mexam no Parcelado Sem Juros como moeda de troca para baixar o rotativo abusivo do cartão de crédito! Assine a petição: parcelosim.com.br”, disse o parlamentar.
O link citado por Lindbergh é o do site oficial da campanha Parcelo Sim!, onde o internauta pode assinar uma petição em defesa da manutenção do parcelamento sem juros. Até a manhã desta quarta-feira (6), o site já registrava 230.147 assinaturas na petição.
“Todos sabem que o Parcelado Sem Juros ajuda muito o brasileiro a conseguir conquistar seus sonhos. Também é importante para quem passa por um momento de dificuldade e precisa parcelar”, diz o texto que anuncia a petição.
“Tem gente querendo mexer no Parcelados Sem Juros. Não deixe que isso aconteça. Participe do nosso abaixo-assinado e ajude a salvar esse direito dos brasileiros”, continuam os organizadores, que pretendem levar o documento a Brasília para sensibilizar as autoridades.
Reaquecimento da economia
Recentemente, em 28 de novembro, o jornal Valor Econômico publicou uma matéria que mostra a importância do consumo para o reaquecimento da economia.
O texto traz uma entrevista com o economista Luiz Rabi, da Serasa Experian. Segundo ele, a melhora na capacidade de pagamento do consumidor contribuiu para que, de janeiro a setembro deste ano, houvesse uma desaceleração na quantidade de empresas inadimplentes no país.
Conforme o economista, nesse período o volume de companhias com pagamentos em atraso cresceu 3%, metade do ritmo apresentado em 2022. Luiz Rabi disse ainda que, em razão do aumento da capacidade de pagamento do consumidor e de outros avanços econômicos, a curva da inadimplência deve ser revertida até o começo de 2024.
A postura de Roberto Campos Neto é idêntica à dos parlamentares bolsonaristas no Congresso Nacional, que têm sido derrotados com frequência ao votarem contra projetos apresentados pelo governo Lula para fortalecer a economia e garantir dignidade para o povo. Parecem querer reeditar a tragédia social promovida pelo governo passado, que levou milhões de brasileiros à pobreza, à miséria, à fome e à morte.
PTNacional