As ameaças dirigidas à XP Investimentos para impedir a divulgação de pesquisas eleitorais do Ipespe levaram o deputado federal Rui Falcão (PT-SP) a acionar o Procurador-Geral da República, Augusto Aras, para que apure se houve crime na pressão de bolsonaristas feita sobre a corretora por causa de resultados desfavoráveis ao presidente de extrema direita Jair Bolsonaro revelados por levantamentos semanais que a empresa vinha divulgando.
A petição do parlamentar requer investigação sobre potenciais ilícitos, tanto eleitorais quanto criminais, decorrentes da interferência indevida numa sondagem legalmente registrada no Tribunal Superior Eleitoral.
As pressões sobre a XP e o Ipesp, instituto contratado pela corretora, que até então vinham realizando, semanalmente, pesquisas com metodologia, amostragem e questionários transparentes, partiram de empresários, ministros e parlamentares, inclusive do senador filho do presidente da República, Flávio Bolsonaro (PL-RJ)
Conforme noticiário de inúmeros veículos da mídia comercial, os ataques bolsonaristas cresceram depois que a pesquisa mostrou a honestidade como um dos principais atributos do presidente Lula. Então, sob o risco real de prejuízo a seus negócios, a companhia decidiu divulgar apenas resultados mensais.
Crimes cometidos por bolsonaristas
Em sua petição, elaborada pelos advogados Hélio Silveira, Marcelo Andrade, Marco Aurélio de Carvalho, Fabiano Silva dos Santos,Marco Antonio Riechelmann Jr. e Lucas Clemente, o deputado requer a apuração de eventuais crimes eleitorais, notadamente abuso de poder politico, e inquérito policial para averiguar o cometimento de crimes comuns, como o de constrangimento ilegal.
Solicita, ainda, a realização de diligências, a oitiva de representantes legais da XP Investimentos, do IPESPE e dos agentes públicos envolvidos, inclusive do presidente da República.
Na quarta (8), a XP cancelou a divulgação de pesquisa do Instituto Ipespe que estava sendo publicada semanalmente e que vinha mostrando o ex-presidente Lula (PT) na frente de Jair Bolsonaro (PL). Na sondagem divulgada na semana passada, Lula aparecia com 45%, contra 34% do atual presidente da República.
A pesquisa, que seria divulgada na sexta (10), chegou a ser registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no sábado (4), sob o número BR-06295/2022. Os pesquisadores saíram a campo e coletaram dados sobre a popularidade de Bolsonaro e a disputa eleitoral. O registro, no entanto, foi retirado do site por determinação da própria corretora. E a sondagem até agora permanece em segredo.
Abuso de poder político
Bolsonaristas passaram a atacar a corretora nas redes sociais —um dos mais notórios deles foi o senador Flávio Bolsonaro, que ironizou os resultados em seu perfil no Telegram.
“Ao que tudo indica, o veto à divulgação dos dados teve conotação eleitoreira, possivelmente fruto de abuso de poder político e de ameaças que emergem na seara criminal”, diz a petição de Rui Falcão encaminhada à PGR.
“Por se tratar de questão eminentemente de interesse público (uma vez que a divulgação de pesquisas eleitorais está inserida dentro da garantia de liberdade de expressão), tais informações prestadas são insuficientes e, principalmente, não elucidam se houve eventual interferência externa e em que grau foi aplicada”, continua.
O deputado requer a “apuração de eventuais crimes eleitorais, notadamente abuso de poder político, e inquérito policial para averiguar o cometimento de crimes comuns, como o de constrangimento ilegal. Solicita, ainda, a realização de diligências, a oitiva de representantes legais da XP Investimentos, do Ipespe e dos agentes públicos envolvidos, inclusive do presidente da República”.
Leia a íntegra da petição encaminha à PGR:
2022_NF_PESQUISAXP_BOLSONARO_V2
Redação PT na Câmara com assessoria parlamentar e informações do UOL