Rogerio Correia rechaça manobra bolsonarista para responsabilizar governo por 8/1

Na entrevista concedida na manhã desta quarta (2), o deputado classificou como "esdrúxula" a estratégia dos bolsonaristas na CPMI do Golpe Foto: Reprodução

Em entrevista ao Jornal PT Brasil na manhã desta quarta-feira (2) o deputado federal Rogério Correia (PT-MG) classificou como “esdrúxula” a tese de alguns deputados de que a responsabilidade do que aconteceu dia 8 é do governo Lula. “É um negócio sem pé nem cabeça, como é que alguém, um partido vitorioso, um presidente vitorioso, que vai começar o seu terceiro mandato, vai querer que a sede dos Três Poderes seja invadida? É um negócio de maluco”, observou o deputado.

Correia salientou que, após a sessão da CPMI dos Atos Golpistas de quarta-feira (1), o relatório final certamente terá um capítulo especial com a confirmação, pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), da estratégia golpista que culminou com os atentados em Brasília dia 8 de janeiro.

“Importante também é que o relatório estratégico da Abin, sigiloso, que detalha como o golpe seria, quem financiou, quem veio nos ônibus e tudo, ele (ex-diretor adjunto da Abin, Saulo Moura da Cunha) disse que é um relatório apartidário, técnico e de muita competência. Então a sessão de ontem foi mais um caminho para a formação de um relatório que, com certeza, colocará a estratégia golpista e, no centro dela, como autor intelectual, mentor disso tudo, o ex-presidente Jair Bolsonaro”, afirmou o deputado, ao destacar que, de fato, Saulo Cunha confirmou que havia toda uma estratégia golpista e que a Abin capturou isso, em especial na véspera dos acontecimentos.

Correia salientou que, a partir do depoimento do ex-diretor adjunto da Abin, muito na véspera do dia 8 de janeiro a Agência detectou que realmente havia uma organização que deveria chegar em Brasília com número maior e pessoas mais radicalizadas, armadas, com financiamento pesado e com intuito do golpe.

“Tudo isso a Abin escreveu nos alertas que fazia e ontem ele (Saulo) confirmou que realmente as pessoas tinham essa intenção, estavam em frente aos quartéis armadas; havia um plano de armar mais pessoas e o objetivo era esse, tomar os prédios dos Três Poderes e, com isso, fazer um rompimento constitucional”, ressaltou, completando que, a partir das perguntas do deputado Rubem Jr (PT-MA), Saulo Cunha confirmou que realmente esses eram os pressupostos do 8 de janeiro.

Rogério Correia disse também que é preciso isolar o bolsonarismo porque ele é uma vertente do fascismo e citou o relatório da Abin que foi divulgado durante o recesso parlamentar e que mostrou como o processo golpista foi arquitetado.

“O financiamento era feito exatamente pelos setores fascistas do agronegócio, pelo garimpo ilegal, foi esse tipo de pessoa e esse tipo de atividade que tentou dar o golpe no Brasil. Felizmente venceu a democracia, como diz o povo brasileiro, é sem anistia pelos golpistas, eles precisam pagar pelo que fizeram”, apontou.

Correia comentou ainda que os parlamentares da oposição, após saberem que o autor da depredação do relógio do Palácio do Planalto seria convocado a depor, começaram um “show de fakenews, de mentira descarada, coisa para a bolha deles. Realmente acho que estão perdendo o debate na CPMI, na sociedade e, no final, vai ser mais um instrumento a demonstrar a tentativa de golpe. O relatório vai ser potente e vai ajudar o TSE, que já colocou Bolsonaro inelegível, a ter convicção disso e vai ajudar o STF a dar uma penalização para esse pessoal que participou do golpe. Especialmente Jair Bolsonaro. Eu digo que esse relatório final da CPMI vai contribuir pra que esse pessoal acabe cumprindo pena em cadeia”, destacou.

Próximos passos da CPMI

Na manhã desta quarta, membros da CPMI fizeram reunião para analisar os requerimentos e aprovar quebras de sigilo. “Importante lembrar que as quebras de sigilo revelaram Mauro Cid com conta inchada, Bolsonaro cheio de pix com 17 milhões na conta dele pra financiar o bolsonarismo”, disse Correia.

Na terça-feira (8), a CPMI vai ouvir o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, que tinha em casa a minuta do golpe e foi escalado para secretário de Segurança do Distrito Federal “para poder facilitar o trabalho do golpe do dia 8 de janeiro. Terça vai ser quente em Brasília”, apontou o deputado.

“Esses bolsonaristas são muito covardes, eles conseguem habeas corpus para não se incriminar e ficam calados, mas o silêncio deles é pior pra eles porque acabam não se defendendo e, no relatório, vai constar que não quiseram fazer a defesa. Já temos elementos e documentos que comprovam a culpa deles”, afirmou Correia. “Se ele não quiser falar, vamos explicar o motivo pelo qual foi chamado a depor, em que está sendo indiciado, porque foi preso, passou bom tempo preso, está de tornozeleira eletrônica até hoje, enfim, se ele não falar, pior para ele. O relatório vai conter todo os crimes que ele cometeu junto com Bolsonaro”, observou.

Zambelli e hacker

Na entrevista ao Jornal PT Brasil Rogério Correia comentou também sobre a ação da Polícia Federal no gabinete da deputada Carla Zambelli (PL-SP). “Ela se juntou com o hacker para invadir o site do TSE e as redes do ministro Alexandre de Morais. O hacker já disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro tinha dado aval para mais essa trapalhada dos bolsonaristas, trapalhada golpista. Embora não tenha a ver com a CPMI, tem a ver com a tentativa de golpe. Tentaram atrapalhar o processo eleitoral através da entrada no site do TSE e com isso melar as eleições”, concluiu.

Da Redação

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