É totalmente falsa e maliciosa a interpretação que a Embaixada de Israel no Brasil faz e divulga em nota oficial sobre a Resolução do PT, divulgada ontem, a propósito da situação de Gaza.
O Diretório Nacional condenou, sim, “os ataques inaceitáveis, assassinatos e sequestro de civis, cometidos tanto pelo Hamas quanto pelo Estado de Israel”.
E advertiu que a retaliação do governo de Israel configura “um genocídio contra a população de Gaza, por meio de um conjunto de crimes de guerra”, como o corte de água potável, energia, alimentos e remédios, além de bombardeios contra a população civil.
Por volta das 15h30 de hoje, enquanto a Embaixada de Israel divulgava sua nota contra o PT, pelo menos 500 civis eram assassinados no bombardeio a um grande hospital em Gaza.
Quem representa no Brasil o governo que fez um ataque desta natureza não tem autoridade moral para falar em direitos humanos.
Todos têm direito a defender seu povo, mas a busca por justiça não se confunde com vingança nem pode se dar por meio da Lei de Talião.
A posição do PT é semelhante à da porta-voz da ONU para Direitos Humanos, Ravina Shamdasani: “Não se pode ter uma punição coletiva como resposta aos ataques horríveis [do Hamas]”.
Afirmar que o PT considera “o assassinato bárbaro, a violação e a decapitação de pessoas luta política legitima”, como faz a nota da embaixada, é uma atitude inaceitável por parte de quem tem a responsabilidade de representar no Brasil um país amigo.
É um ataque injustificável a um partido que ao longo de sua história abriga militantes palestinos, árabes e judeus e defende a coexistência dos Estados de Israel e da Palestina.
Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores
Romênio Pereira, secretário de Relações Internacionais do PT
Brasília, 17 de outubro de 2023