O deputado Nilto Lula Tatto (PT-SP) usou a tribuna nesta terça-feira (17) para lembrar os 22 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, quando 21 trabalhadores rurais sem-terra foram assassinados pela Polícia Militar do estado do Pará. “Há 22 anos, no Pará, ocorreu um dos mais vergonhosos episódios da nossa história: o massacre de 21 trabalhadores rurais sem-terra pelas forças policiais do estado do Pará a mando do latifúndio e até hoje não foi apurado e não foram punidos os mandantes, os responsáveis”, protestou.
Tatto disse que lembrava essa “terrível chacina” também para saudar as lideranças sem-terra no País todo, “destemidos que lutam por um pedaço de terra para poder trabalhar”. Ele destacou que no Brasil há muita gente acampada, que estão na luta por um pedaço de terra para trabalhar, e muita terra na mão de pequenos latifundiários. “Então, é importante lembrar esta data, para que o Estado assuma o seu papel e faça a reforma agrária já”.
O deputado João Lula Daniel (PT-SE) também da tribuna lembrou e lamentou o massacre. “A luta pela reforma agrária, a luta dos trabalhadores do Pará lamentavelmente levou dezenas de companheiros a serem assassinados pelo estado do Pará e pela polícia. Continuamos cobrando punição a todos os assassinos e aos mandantes desses crimes contra os lutadores pela terra”, afirmou.
João Daniel lamentou ainda o fato de não ter ocorrido, nesta terça-feira, uma sessão solene pela passagem do Dia Internacional de Lula pela Reforma Agrária. “Espero que possamos fazer, ainda em abril, mês escolhido pelo MST para a realização de uma série de protestos pela reforma agrária em todo o País, essa sessão em homenagem aos mártires e aos lutadores da terra”.
A violência no campo, enfatiza João Daniel, que não é de agora, “sendo que nos governos FHC ocorreram os piores conflitos agrários brasileiros, com uma redução significativa nos governos Lula e Dilma”. Ele citou como fator de redução da violência nos governos do PT as políticas públicas de melhoria das condições de vida no campo e ações institucionais de acompanhamento dos conflitos, como da Ouvidoria Agrária.
Massacre – O ano era 1996, e no Pará cerca de 1500 pessoas do Movimento Sem Terra marchavam pela rodovia PA-150, na luta por reforma agrária e pela desapropriação da Fazenda Macaxeira. A caminhada, que já estava no seu sétimo dia, tinha como destino Belém, capital do estado. A Polícia Militar foi enviada para conter os manifestantes que obstruíam a rodovia BR-155. Houve conflito e 19 trabalhadores rurais foram mortos no local e outros dois morreram quando eram encaminhados para o atendimento médico.
Cento e cinquenta e cinco policiais foram indiciados pelo massacre, mas nenhum foi punido. Em maio de 2012 foram presos o Coronel Mario Pantoja e o major José Maria Oliveira. Os dois estavam soltos por força de um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal que permitiu que recorressem da sentença em liberdade.
PT na Câmara
Foto: Matheus Alves