O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) ocupou a Tribuna nesta segunda-feira (18) para agradecer ao povo brasileiro que ocupou as ruas neste domingo para defender a democracia. “Sei que milhões de brasileiros ficam indignados com a posição tomada pela Câmara a favor do golpe. Esta Casa tinha dois caminhos para debater as crises política, econômica, conjuntural. A Câmara optou por um dos caminhos por meio de uma maioria numérica momentânea e pouco representativa, porque, de fato, o modelo político brasileiro traz para esta Casa pouca presença do povo brasileiro — dos mais pobres, das mulheres, dos negros, a presença real do Brasil. Portanto, o povo brasileiro não legitima esta Casa. Mas, mesmo sem legitimidade, a Câmara optou pelo caminho da ilegalidade”, disse.
De acordo com Reginaldo Lopes, a Câmara se transformou num tribunal de exceção. “Com vários acusados por corrupção, fruto de um sistema político que está esgotado e falido, e esta Casa não tem compromisso com a mudança do sistema político eleitoral. Mas, quem escreveu esta história pela ilegalidade no dia de ontem, a história já reservou um lugar: a porta do fundo da ilegalidade”, disse.
“Houve um complô, uma aliança, com vários setores, que buscavam dar ares de legalidade. Usaram a mão, os votos das deputadas e dos deputados, para defender aqui não o interesse do povo que estava nas ruas, inclusive, nem da economia brasileira, porque a economia brasileira, a economia real, não é o mercado, não é a bolsa de valores, não é o mercado financeiro. A economia real é aquele que tem uma pequena empresa, aquele que é o agronegócio e da agricultura familiar, são aquelas pessoas que estão trabalhando. A economia real não são os rentistas, a economia financeira que, de fato, age de acordo com o humor. Hoje mesmo já tem viés de aumento do dólar”, ressaltou o petista.
Portanto, disse ainda o deputado Reginaldo Lopes, “o povo brasileiro que foi derrotado ontem escreve um outro caminho na história brasileira: a defesa intransigente da Constituição e da democracia. O povo vai permanecer nas ruas. Ainda vai se somar a parte daqueles que defenderam o golpe, porque vão perceber que mais uma vez eles foram traídos — traídos porque terão menos status e traídos, acima de tudo, porque defendiam o combate à corrupção e vão perceber que o compromisso do Vice-Presidente sem voto, sem legalidade é rasgar a Lava-Jato, é salvar o Presidente desta Casa, Eduardo Cunha, que é réu e acusado de corrupção”, ressaltou o petista.
Gizele Benitz
Foto: Salu Parente/PT na Câmara
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