Em artigo, o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), alerta para mais um golpe contra o povo brasileiro, desta vez, por orientação do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que trabalha para adiar, por dois anos, os atuais mandatos republicanos, dos parlamentares (federais e estaduais), governadores e presidente, previstos, constitucionalmente, para serem renovados em 2018. A medida, analisa, agora tenta evitar a chegada de Lula ao poder em 2018.
Leia a íntegra:
Novo capítulo do golpe contra Lula
Estamos assistindo horrorizados ao início de mais um capítulo da novela do golpe parlamentar fascista que a direita antinacional brasileira deu para derrubar, em 2016, a presidenta Dilma Rousseff, eleita por 54 milhões de votos, e agora tenta evitar a chegada de Lula ao poder em 2018.
Por orientação do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), começou a ser instalada comissão especial com objetivo obscuro, sinistro, de adiar, por dois anos, os atuais mandatos republicanos, dos parlamentares (federais e estaduais), governadores e presidente, previstos, constitucionalmente, para serem renovados em 2018.
Está no ar falso argumento segundo o qual facilita realização de reforma política fundamental ao País coincidir mandatos republicanos gerais – presidente, governadores, parlamentares, prefeitos – em 2020, para, até lá, vencer a crise política e econômica que essa mesma direita aprofunda com seu programa macroeconômico antinacionalista, entreguista, neoliberal.
Evidentemente, trata-se de desdobramento do golpe em marcha, com sua lógica antidemocrática, de modo a impedir a candidatura do presidente Lula, que, nas pesquisas do dia a dia, vai se tornando imbatível, quanto mais o povo conscientiza-se de que foi, com o golpe, politicamente, logrado.
A greve geral do dia 28 de maio representou sinal vermelho ao golpe, dada a percepção social de repúdio às consequências desse atentado à democracia, contra a qual houve colaboração do próprio judiciário, em indisfarçável aliança com a direita parlamentar, para levar ao Planalto o presidente ilegítimo Michel Temer, amplamente rejeitado pelas pesquisas.
O movimento grevista vitorioso colocou em xeque as contrarreformas de Temer, ao mesmo tempo em que cresceu e continua se expandindo exponencialmente, na população, o desejo pela volta de Lula, para promover retomada da economia e restabelecer os direitos trabalhistas e previdenciários que as contrarreformas neoliberais roubam, descaradamente, dela.
A tentativa de aprofundamento do golpe antinacional direitista antidemocrático, indisfarçavelmente, visa garantir mais dois anos de mandato a Temer.
Forças nacionais e internacionais estão interessadas nisso.
Essencialmente, objetivam suprimir direitos e garantias políticas de todo o povo brasileiro, para apressar transferência de riqueza social, assegurada, constitucionalmente, para os capitalistas ávidos de acumulação e centralização de capital e de poder.
Como tal tentativa jamais seria alcançada pelos golpistas por meio de programa político disputado eleitoralmente, e os assaltantes do patrimônio público têm pressa para concluir o assalto pirata inconstitucional, o jeito encontrado é prosseguir com o golpe, como arma política.
Para tanto, está a postos base governista majoritária, arregimentada na base da pressão e da chantagem, de modo a dilatar os atuais mandatos.
Tenta-se criar condições para a continuidade do programa antinacionalista que Temer acelera ao máximo possível, a partir de iniciativa econômica suicida, como a de congelar, por vinte anos, gastos públicos, sem os quais a economia não alavanca, sustentavelmente.
Para alcançar esse objetivo antinacional, os golpistas sabem perfeitamente que precisam produzir fatos que impeçam a manifestação popular contra esse absurdo econômico, verdadeiramente, suicida, acompanhado das iniciativas, igualmente, desastrosas, das contrarreformas trabalhista e da previdência.
A gênese da iniciativa parlamentar golpista favorável à instalação da comissão especial para tentar adiar mandatos se assenta, portanto, na pretensão constitucional ditatorial de remover o livre jogo democrático, jogado nas ruas, no debate, no voto, na urna, para dar lugar à obscuridade das decisões articuladas nos bastidores do poder, regadas pelo dinheiro e corrupção eleitoral.
É preciso desnudar essa onda golpista, como lógica do exercício do poder instalado, no Brasil, depois do impeachment sem crime de responsabilidade para caracteriza-lo, contra Dilma, de modo a entender, porque, paralelamente, a esse novo atentado antidemocrático contra a Constituição, em marcha, na Câmara, está sendo intensificada caçada humana para tentar abater Lula e impedir seu retorno ao poder pelo voto popular.
A armação ridícula do depoimento de Renato Duque, no âmbito da Operação Lava jato, para incriminar o presidente dos trabalhadores, reiteradamente, repetida na Globo, o braço midiático do golpe, não convence nem uma criança.
A postura do parcial juiz Moro evidenciou-se patética.
Foi altamente comprometedora sua atitude de se negar a exigir, como juiz, do depoente, para ser mais preciso em suas denúncias, indesmentivelmente, frouxas e inconsistentes contra Lula.
Um detector de mentiras teria desmoralizado o delator, quando disse, sem apresentar provas, que encontrou, num hangar de aeroporto, com o presidente três vezes, depois de não mais trabalhar na Petrobras, pois, em tais oportunidades, já havia sido demitido do cargo de diretor da estatal pela presidenta Dilma Rousseff.
Nessas ocasiões, o presidente lhe indagou sobre contas e recursos depositados no exterior para encaminhamento de propinas.
Teria ou não sido verdadeiro idiota o presidente, repetido a indagação por três vezes, se já, na primeira, o delator dissera que não existiam os recursos transferidos?
Por que o juiz não fez essa ingênua pergunta ao delator?
Enfim, o comportamento duvidoso de Moro e sua obsessão em tentar pegar Lula de qualquer jeito sem ter as provas materiais concretas, ao longo de três anos, faz-nos correlacionar seu comportamento ao do presidente Maia, da Câmara, no que tem de essencial, ou seja, caçada a Lula.
Essa caçada humana, que evidencia perseguição política e temor à possibilidade de Lula voltar ao poder, somada às ações dos golpistas em andamento no parlamento, para evitar que sejam realizadas eleições livres e democráticas em 2018, induzem-nos a concluir o óbvio: constrói-se conjuntura política de conveniência pelas forças de direita, mais do que nunca interessadas em alterar o calendário eleitoral para adiar a permanência do ditador constitucional Temer no poder.
Temer e sua entourage temem as urnas, fogem dela como o diabo da cruz, pois sabem que serão derrotados.
Tentativa de adiamento das eleições mantém, portanto, os golpistas de mãos livres e sujas para ir aprofundando assalto aos direitos e conquistas sociais dos trabalhadores, de um lado, e entreguismo econômico, de outro, contra os quais a greve geral produziu sonoro NÃO da sociedade.