O líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG), informou hoje (6) que a bancada do partido vai protocolar uma notícia-crime para que seja investigada a denúncia de que o Palácio do Planalto teria oferecido cargos comissionados em troca da morte do ex-capitão da Polícia Militar do Rio de Janeiro e miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, morto durante um suposto tiroteio em operação policial na Bahia em 9 de fevereiro de 2020.
“Nós queremos saber sobre o matador útil da família Bolsonaro: quem mandou oferecer emprego? É uma vergonha para este País! É uma vergonha para a democracia! E nós não vamos admitir isso!”, afirmou o líder do PT em discurso no plenário da Câmara. O militar é suspeito de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco e do seu motorista Anderson Gomes, em 14 de março de 2018.
Uma escuta telefônica feita pela Polícia Civil do Rio de Janeiro mostra Daniela Magalhães da Nóbrega, irmã do ex-policial, afirmando que o Palácio do Planalto teria oferecido cargos comissionados em troca da morte do ex-capitão. As escutas teriam sido gravadas há dois anos.
Arquivo morto
De acordo com os áudios divulgados pela Folha de S. Paulo, durante uma conversa com uma tia dois dias após a morte do miliciano, Daniela diz que Adriano teria ficado sabendo da existência de uma reunião “envolvendo seu nome no Palácio e do desejo de que se tornasse um ‘arquivo morto’” apenas dois dias antes de sua morte.
Para Reginaldo Lopes, a denúncia é gravíssima e a investigação deve ser autorizada pela Procuradoria-Geral da República. “A PGR tem que autorizar a investigação: o Palácio do Planalto está sendo acusado de oferecer emprego público para matar alguém, o matador de alguém”, destacou o parlamentar.
“Por que queriam matar o Adriano Nóbrega? O que eles querem esconder? Quem mandou matar a Marielle Franco? A sociedade brasileira tem que conhecer a verdade”, completou Reginaldo Lopes.
Bolsonaristas em pânico
Segundo o líder, os bolsonaristas estão em pânico com a denúncia, dada a proximidade do capitão Nóbrega com a família Bolsonaro. Lopes assinalou que o militar era “irmão de sangue da família Bolsonaro e de Fabrício Queiroz”, tanto que foi homenageado pelo próprio Jair Bolsonaro no plenário da Câmara e por seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, quando era deputado estadual no Rio de Janeiro, com a Medalha Tiradentes. “Um homem matador, um matador útil à família Bolsonaro; ofereceram emprego no Palácio do Planalto para o matador útil”, assinalou o líder do PT.
Reginaldo Lopes repudiou as ameaças de parlamentares bolsonaristas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Vocês são milicianos e nós não admitimos a milícia nem o ódio”, disse, frisando que “o país armado” não vai ganhar as eleições no dia 2 de outubro.
“Quem vai ganhar a eleição é o amor, é a solidariedade, é a fraternidade, é a construção de um novo mundo, e vai ser com o maior líder vivo do planeta Terra, Luiz Inácio Lula da Silva, o maior líder deste País. Só o Lula pode resgatar a credibilidade e a democracia brasileira, e não um miliciano que ocupa de plantão o Palácio do Planalto”, disse.
Procurado número 1
Adriano da Nóbrega, um ex-oficial do Bope, a unidade elite da PM do Rio de Janeiro, era o mais poderoso comandante das milícias que operam naquele estado e uma das figuras mais procuradas pela Justiça no Brasil. O assassinato da vereadora Marielle Franco, em março de 2018, fez com que seu nome fosse lançado no rol dos suspeitos pelo crime e, a partir daí, embora já famoso nacionalmente, foi elevado à condição de procurado número 1 no País.
Redação PT na Câmara, com agências e blogs