Em mais uma audiência marcada por divergência entre os debatedores, o advogado Maximiliano Garcez, representante da Associação Latino-Americana de Advogados Laboralistas no Brasil, criticou a proposta de reforma trabalhista (PL 6787/16) apresentada pelo governo ilegítimo de Michel Temer. O advogado afirmou que o projeto vai transformar o Brasil em “lojinha de 1,99” ou “fabriqueta” de fundo de quintal. A intervenção do palestrante causou desconforto na base governista. “Esta é uma reforma que pensa pequeno, que tenta encontrar lucro a curto prazo, destruindo toda a capacidade produtiva do País”, sentenciou Garcez.
Segundo o advogado, o objetivo da proposta é deixar o Brasil à mercê da economia mundial, tornar o país inviável na competição internacional. “Na China, a partir deste ano, os salários serão maiores que no Brasil, porque perceberam que é preciso valorizar a classe trabalhadora para consumir e movimentar a economia”, exemplificou Garcez, se referindo a outros países que flexibilizaram as relações de trabalho e tiveram como consequência a desorganização da classe trabalhadora, aumento no número de desempregados, empobrecimento da população e instabilidade social.
“Só um governo que não foi eleito pelo povo faria isso”, lamentou o debatedor que ainda conclamou os parlamentares a votarem contra a proposta. Ao mesmo tempo ele sentenciou: “faço saudação aos deputados que votarem a favor da reforma trabalhista, meu voto é que vocês nunca mais tenham votos”.
Atento ao debate, o deputado Wadih Damous (PT-RJ) disse que a fala do representante da Associação Latino-Americana de Advogados causou desconforto na base do governo golpista. “A observação do Dr. Max é correta. Qualquer ato de um governo golpista já nasce ilegítimo. Um governo que assumiu o poder sem nenhum voto popular, precisa de legitimidade. Isso causou arrepio em deputados golpistas”, observou o petista.
Perda de tempo – Damous acredita que o debate da reforma trabalhista passou a ser inócuo a partir da aprovação do projeto da terceirização, na semana passada, que acaba com o emprego formal e com a jornada protegida. “A partir da sua implementação, os trabalhadores vão pular de galho em galho. Não haverá interesse de contratar no método tradicional. Isso vai acabar. O que se está discutindo aqui é perda de tempo”, anunciou Damous.
O deputado Paulão (PT-AL) reforçou que a aprovação da terceirização pegou a todos de surpresa. “Não estava prevista, não estava incluída na pauta. A terceirização desmonta a relação capital-trabalho. Na reforma trabalhista eles pretendem ampliar o desmonte que foi iniciado com a aprovação do projeto da terceirização”, disse.
Benildes Rodrigues
Foto: Zeca Ribeiro/Agência Câmara