Reforma da Previdência aumentará desemprego e a pobreza no País, afirma professor da Unicamp

MaricoPochemannFotoGustavoB

 

 

O professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Marcio Pochmann, afirmou durante audiência pública da Comissão Especial da Reforma da Previdência da Câmara (PEC 287/16), nesta quarta-feira (29), que a proposta do governo ilegítimo de Temer que retira direitos do povo brasileiro, se aprovada, vai contribuir para aumentar o desemprego no País e impactar negativamente a arrecadação da Previdência Social. Ele também alertou que a reforma, ao contrário do que apregoa o governo, também pode prejudicar a retomada do desenvolvimento.

“Se essa reforma for aprovada, com a redução no valor das aposentadorias, vamos estimular o retorno de parte dos idosos ao mercado de trabalho. Com isso podemos ter um aumento de até 15% na procura por trabalho. Essa pressão vai fazer com que mais pessoas disputem a mesma vaga, haverá queda nos salários, com inevitável queda na arrecadação da Previdência”, explicou.

O professor Marcio Pochmann disse ainda que, se hoje o desemprego está em 13% no País, poderá chegar a 23% ou 24%. Já a queda na arrecadação da Previdência, nesse cenário, de acordo com o professor da Unicamp, poderá chegar a 7% ou 8% do total arrecadado.

“Por isso eu digo que não tem como analisar esse assunto como um contador, cortando despesa aqui e economizando ali. A análise sobre o futuro da Previdência precisa ser mais ampla e dinâmica”, observou.

Outro ponto destacado por Marcio Pochmann, foi o impacto da reforma sobre a economia brasileira. Segundo ele, pequenas cidades que dependem da transferência de recursos advindos do Estado, grande parte de benefícios previdenciários, poderão ter suas contas seriamente afetadas.

“Em cidades com pouca ou sem atividade econômica relevante, os recursos previdenciários têm efeito multiplicador. Para cada R$ 1 pago, outros R$ 2 impactam a atividade econômica local, principalmente o comércio. Portanto, existe o risco de aumentarmos as desigualdades regionais”, disse ele sobre os efeitos da Reforma.

O economista disse ainda que, atualmente, 23% do PIB brasileiro depende do gasto social, grande parte dele obtido pelo pagamento das aposentadorias, pensões e benefícios previdenciários. “Se queremos sair da recessão, e ter crescimento econômico, não podemos reduzir esse gasto social”, destacou.

Ainda de acordo com Marcio Pochmann, o melhor modelo a ser adotado pelo Brasil deve aliar um modelo de democracia com crescimento econômico e distribuição de renda. Ele afirmou que se for adotado o caminho contrário, caso seja aprovado a reforma, consequentemente a pobreza vai aumentar no País.

“Inevitavelmente vamos ver multiplicarem os idosos pedindo esmolas nas esquinas do País”, lamentou.

Ao analisar os argumentos apresentado pelo professor Márcio Pochmann, o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) lamentou a ausência no debate do relator da matéria, deputado Arthur Maia (PPS-BA), e de grande parte dos integrantes da comissão que apoiam o governo.

“Essa audiência pública demonstra que o governo não quer aprofundar o debate, porque não gostam da democracia, nem do contraditório. O debate é importante até para a produção de um relatório que reflita a média ponderada dos que aqui estão. É interessante observar que em momentos importantes como esse, nem o relator se faz presente”, criticou.

Também participaram da reunião os deputados petistas Arlindo Chinaglia (SP), José Mentor (SP) e Pepe Vargas (RS).

Héber Carvalho

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